Um inquérito contra o ex-ministro Geddel Vieira Lima, a mãe, Marluce, e seus irmãos, o ex-deputado federal Lúcio (MDB) e o empresário Anfrísio Filho, deixou o Supremo e foi encaminhado para a 10ª Vara Federal Criminal de Brasília.
A instância é a responsável pelos casos ligados à Operação Cui Bono, que investiga pagamento de propina a Geddel e a caciques do MDB, incluindo o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, em troca de vantagem na liberação de recursos na Caixa Econômica, da qual o político baiano foi vice-presidente de Assuntos Jurídicos.
A decisão, do ministro do Supremo Alexandre de Moraes se deve, conforme publicou o jornal Correio, à perda de foro privilegiado de Lúcio, que não conseguiu renovar o mandato nas eleições passadas.
A investigação contra quatro integrantes da família Vieira Lima é desmembramento de um inquérito instaurado contra deputados suspeitos de se apropriarem de parte dos salários pagos aos secretários e assessores parlamentares que atuavam em seus gabinetes, diz publicação.
Operações fraudulentas
De acordo com a denúncia apresentada pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, há indícios de que parte do dinheiro desviado por meio da prática conhecida como “rachadinha” tenha sido alvo de lavagem de dinheiro em operações simuladas de compra e venda de gado. Há ainda suspeitas de que os recursos foram “branqueados” com a aquisição de maquinário agrícola para fazendas dos Vieira Lima, a maioria na região de Itapetinga, Sudoeste baiano. Material recolhido em buscas e apreensões realizadas pela Polícia Federal aponta para a lavagem de ao menos R$ 6,5 milhões, a partir de operações fraudulentas com a empresa JR Terraplanagem e guias de transporte animal supostamente forjadas.
Corte digital
No último dia 14, a 1ª Turma do Supremo iniciou o julgamento virtual de um recurso apresentado pela defesa do ex-ministro contra a ordem de remeter o inquérito para o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, que coordena casos originados da Lava Jato em Brasília e é conhecido pela dureza das decisões em processos de corrupção. Recentemente, os advogados de Geddel pediram para que o julgamento fosse presencial, mas a solicitação foi negada pelo relator, Alexandre de Moraes.