Nesta terça-feira (12), o Departamento do Trabalho americano divulgou o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos (EUA). A alta em 0,4% da inflação em fevereiro, chegando a 3,2% comparada com fevereiro do ano passado, é segundo reportagem de Giovanna Castro, do MoneyTimes, um alerta para o mercado.
Isso porque, apesar de não ser o dado preferido pelo Federal Reserve (Fed) para análise de cortes de juros, o CPI fornece indicações para quando os cortes de juros serão realizados pelo país.
Às 7hs, o CME FedWatch Tool, ferramenta que analisa a probabilidade de cortes nas taxas de juros, mostrava uma probabilidade de cortes em junho de 72%, antes da divulgação dos dados.
Após a divulgação da inflação americana, a estimativa para junho está em 66,2%.
Economistas analisam probabilidades de cortes de juros
Para Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, a crença de um possível corte nos juros durante o primeiro semestre de 2024 passou.
“Ao olhar para a composição do CPI, vemos que os números não são condizentes com um corte no curto prazo. Na nossa visão, o início do ciclo de cortes só deve ocorrer no segundo semestre do ano”, afirma.
Claudia explica que o ritmo de desaceleração observado até o momento é insuficiente para um corte de juros no segundo trimestre, reiterando que a meta do Fed é uma inflação a 2%.
Também para o economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike, a força da inflação americana compromete o corte de juros no primeiro trimestre do ano.
Ele reitera que, ontem (11), o Fed de Nova York anunciou que as expectativas de inflação do consumidor nos EUA aumentaram tanto no curto quanto no longo prazo, com a expectativa da inflação esperada para os próximos três anos passando de 2,4% para 2,7%.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, segue por outro caminho: “As projeções indicam que a inflação nos EUA deve convergir para a meta de 2% ao longo deste semestre, proporcionando um cenário mais favorável para o Banco Central Americano iniciar cortes de juros, seja em maio ou junho.”
“Embora ainda haja desafios a serem enfrentados, como a resistência persistente nos preços da moradia em comparação com outros itens que passaram por períodos de declínio e oscilação, é possível que o Fed encontre um ambiente mais propício para suas decisões futuras”, finaliza.
Como a inflação americana afeta o Brasil?
“Um aumento na inflação americana pode resultar em elevações nos preços das commodities, impactando diretamente a inflação brasileira, dada a posição brasileira como um grande exportador de commodities. Também, se a inflação nos EUA levar a um aumento nas taxas de juros globais, isso pode afetar o custo do capital para o Brasil, influenciando os preços domésticos”, explica Fabio Murad, sócio da Ipê Investimentos.
Além disso, a inflação no país altera as percepções nacionais sobre como guiar a política monetária brasileira. Para a Taxa Selic, isso significa que ajustes podem ser realizados para manter a estabilidade econômica e conter pressões inflacionárias.
Sobre a Bolsa brasileira (B3), Fabio reforça que a elevação da inflação nos Estados Unidos pode desencadear uma saída de capital de mercados emergentes, caso aumentos de juros sejam esperados, em busca de ativos considerados mais seguros e mais atraentes em termos de retorno.