A exploração do gás de xisto levou à forte redução dos preços do gás natural nos Estados Unidos, via choque de oferta, e ao renascimento da indústria petroquímica americana, que gradualmente transferiu ao país volumes de produção que haviam sido deslocados para a China em busca de matéria-prima mais barata.
No Brasil, a exploração do pré-sal e a perspectiva de maior disponibilidade de gás natural criaram expectativa parecida. Há anos o setor químico não executava grandes projetos em território nacional porque tem dificuldades de competir, sobretudo com chineses e americanos, no mercado global. Com a promessa de redução de até 60% nos preços do gás no último governo (e alguns avanços concretos nesse sentido), alguns grupos resolveram se arriscar e, pouquíssimo tempo depois, se veem às voltas com o mesmo problema de competitividade da última década.
Um dos nomes mais tradicionais da indústria química brasileira, a Unigel arrendou duas fábricas de fertilizantes que a Petrobras havia hibernado, também por causa da baixa rentabilidade do negócio. Com o conhecimento da operação industrial e as indicações de que o gás natural, principal matéria-prima da amônia e da ureia, ficaria mais barato, o grupo investiu centenas de milhões de reais para reativar as unidades e, num primeiro momento, beneficiou-se da super valorização desses insumos no mercado internacional após a invasão da Ucrânia pela Rússia.