Diplomado nesta última segunda-feira (12), o presidente eleito Lula (PT) estará habilitado para assumir a Presidência da República dia 1º de janeiro. A seu lado, mais de 30 ministros, além de chefes de estatais e outras instituições, que começam a ser conhecidos nesta semana.
Muito já foi dito a respeito da grande coalizão de Lula, que irá da esquerda até partes da centro-direita, conforme Silvio Cascione, do jornal Estado de São Paulo. Para um presidente que foi eleito sem base majoritária no Congresso, e com grande desconfiança de quase metade do eleitorado, é mesmo muito importante governar com representantes de fora da esquerda.
Mas essa ampla coalizão, naturalmente, terá muitas divisões internas. Já tem sido assim durante a transição do governo, e continuará sendo depois da posse. As disputas de poder são fortes nesta etapa de montagem do governo, em que cada um busca seu espaço, mas continuarão relevantes depois da posse, e especialmente quando a popularidade de Lula começar a cair. É importante, portanto, prestar atenção nas frentes de conflito para entender o futuro governo.
Uma primeira constatação é a provável insatisfação do PT com o espaço do partido dentro do governo. Algumas pastas, como Saúde, Educação e Desenvolvimento Social, estão no centro de uma disputa entre diferentes integrantes do PT – com perfil mais técnico ou político – e entre partidos aliados. Ainda que o PT ocupe espaços importantes na Esplanada, é provável que tenha uma participação menor neste governo do que nos anteriores.
Essas divisões, porém, também se manifestarão de maneira importante na política econômica. A orientação de Lula é clara no sentido de que deve haver um equilíbrio entre responsabilidade fiscal e compromisso social; também há um esforço conjunto para construir pontes com o setor privado. Mas há, e continuará havendo, divergências internas sobre as melhores estratégias para alcançar esses objetivos. Assim como em governos anteriores do PT, a composição dos ministérios da Fazenda, Planejamento, Indústria, e estatais como Petrobras e BNDES refletirão uma equipe heterogênea, com inclinações diferentes a respeito do nível ideal de gasto e da urgência de mais impostos ou de medidas mais duras para reconquistar a confiança do mercado.
Os nomes a serem indicados nesta semana darão mais detalhes sobre essas divergências internas, e o grau de influência do PT, do vice-presidente Geraldo Alckmin, e de partidos aliados sobre as políticas econômica e social desse governo.