segunda-feira 10 de março de 2025
Caso seja decifrada, a sequência de símbolos poderá fornecer informações sobre a população do Vale do Indo - Foto: Reprodução/X @NarudaaArnaud
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segunda-feira 10 de março de 2025 às 09:25h

Índia vai pagar R$ 6 milhões para quem conseguir decifrar escrita antiga

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Uma escrita antiga, de uma civilização indiana de milhares de anos atrás, gerou um prêmio em dinheiro para quem conseguir decifrá-la. O valor a ser recebido, de US$ 1 milhão (cerca de R$ 6 milhões), foi anunciado em janeiro último pelo ministro-chefe do estado de Tamil Nadu, na Índia.

A escrita é composta, segundo o portal CNN, por símbolos que lembram figuras mundanas, como um peixe sob um teto, um boneco de palito sem cabeça e uma série de linhas que parecem um ciscador de jardim. O mistério por trás do código antigo resultou até em ameaças de morte a pesquisadores.

“Uma questão realmente importante sobre a pré-história do sul da Ásia poderia ser resolvida se formos capazes de decifrar completamente a escrita”, contou à CNN Rajesh P. N. Rao, professor de ciência da computação na Universidade de Washington. Ele tenta decifrar a escrita há mais de 10 anos.

Por que decifrar a escrita?

A escrita pertence à civilização do Vale do Indo, que se estendia pelo que hoje se conhece como Paquistão e pelo norte da Índia. Caso seja decifrada, a sequência de símbolos poderá fornecer informações sobre aquela população, que se acredita ter ostentado planejamento urbano avançado.

Também devem ser fornecidos detalhes sobre quem era os povos do Vale do Indo e seus descendentes. O debate acerca das raízes da Índia e seus habitantes indígenas carrega certa tensão na região.

“Qualquer grupo que esteja tentando reivindicar essa civilização também poderia reivindicar que eles estavam entre os primeiros a ter planejamento urbano, um comércio incrível, e que eles estavam navegando nos mares para fazer comércio global”, explicou Rajesh P. N. Rao.

“Tem muito prestígio você poder alegar que: ‘Eram esses nossos povos que estavam fazendo isso’”.

A civilização do Indo entrou em colapso por volta de 1800 a.C., mais de mil anos antes do nascimento da Roma antiga. Pesquisadores atribuem o colapso à mudança climática, pois há evidências de longas secas, mudanças de temperatura e chuvas imprevisíveis, que podem ter afetado a agricultura.

O conhecimento científico sobre o Indo é, porém, limitado quando comparado ao que se sabe de povos contemporâneos, como o antigo Egito, a Mesopotâmia e os maias. Daí a importância de decifrar a escrita daquele povo.

Questões sociopolíticas

Duas vertentes embatem entre si para reivindicar a civilização do Indo. Um deles acredita que a escrita antiga está ligada a idiomas como o antigo sânscrito, que gerou línguas hoje faladas no norte da Índia.

O segundo grupo argumenta que a escrita tem relação com as línguas dravidianas, agora presentes no sul da Índia. Quem integra esse grupo é M. K. Stalin, ministro-chefe de Tamil Nadu, que oferece o prêmio milionário.

Por que é difícil decifrar?

Um dos motivos que dificultam o entendimento da escrita é a escassez de artefatos para análise. Foram encontradas somente cerca de quatro mil inscrições, muitas das quais são pequenas, com escrita curta.

Ainda não há, ainda, um artefato que sirva de base para a tradução da escrita do Vale do Indo para outro idioma. Também não há pistas dos nomes de governantes da região que ajudem a decifrar a escrita.

Há pontos de concordância entre especialistas que estudam a escrita, como a direção em que a civilização escrevia, da direita para a esquerda. Muitos especulam que os escritos eram utilizados para fins religiosos e econômicos.

As teorias seguirão não comprovadas até que seja encontrado um elemento de tradução. “Nenhuma unanimidade foi alcançada nem mesmo nas questões básicas”, escreveram os pesquisadores Jagat Pati Joshi e Asko Parpola em um livro de 1987 que catalogou vários selos e inscrições.

Como decifrar?

Alguns estudiosos, como Parpola, tentam decifrar os significados de certos sinais. Ele sugere, por exemplo, que símbolos do Indo que parecem peixes podem representar deuses.

Isso porque, em muitas línguas dravidianas, “peixe” e ”estrela” soam iguais, e estrelas eram comumente associadas a divindades.

Já outros pesquisadores, como Rajesh P. N. Rao e Nisha Yadav, do Instituto Tata de Pesquisa Fundamental em Mumbai, tentam encontrar padrões de escrita.

Eles treinam modelos computacionais para analisar uma sequência de sinais. Então, retiram alguns dos sinais para o computador poder adivinhar quais símbolos estão ausentes. Isso ajuda a compreender a padronização e pode auxiliar pesquisadores a preencherem lacunas em artefatos danificados.

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