Em meio às negociações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para acomodar PP e Republicanos no primeiro escalão do governo, lideranças do PSD procuraram o Palácio do Planalto e reforçaram o pedido para que a gestão petista não esqueça da legenda de Gilberto Kassab quando for definir a distribuição de postos auxiliares. As informações são dos jornalistas Marcelo Ribeiro, Renan Truffi e Fabio Murakawa do Valor Econômico.
Como parte desse pleito, a legenda sinalizou, inclusive, que pretende indicar Domingos Filho, ex-vice-governador do Ceará e pai do deputado Domingos Neto (PSD-CE), para um dos cargos de segundo escalão que serão entregues ao Centrão pelo governo federal.
Segundo apurou o Valor, o nome de Domingos Filho foi apresentado em uma reunião entre o líder do partido na Câmara, Antonio Brito (BA), e o ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) da Presidência da República, Alexandre Padilha (PT). O encontro ocorreu nessa quarta-feira (27) no Palácio do Planalto. Interlocutores do PSD relataram, no entanto, que ainda não há definição até o momento sobre o órgão que será oferecido.
A expectativa de seus correligionários é que ele fique à frente de órgãos do porte de Correios, Fundação Nacional de Saúde (Funasa) ou até da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Internamente, as lideranças do PSD admitem que sabem que a escolha do cargo a ser entregue ao partido cabe exclusivamente ao presidente da República, mas, do lado do Palácio do Planalto, a interpretação é que o PSD tem demonstrado, sim, uma preferência: o comando da Funasa . O problema é que a fundação ligada ao Ministério da Saúde também é um pedido do Republicanos.
Diante desse imbróglio, uma eventual saída seria tentar convencer o partido do deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP) a ficar com os Correios. Mas essa possibilidade criaria outro problema para o Palácio do Planalto. Os Correios hoje estão nas mãos de Fabiano Silva dos Santos, que foi indicado para o cargo pelo grupo conhecido como Prerrogativas, composto por advogados de renome e que nos últimos anos se aproximou do PT depois de críticas feitas à Operação Lava-Jato.
Na prática, o “xadrez ministerial” segue indefinido, mas há alguns saídas mais bem sedimentadas do que outras. Está praticamente certo que o PP, por exemplo, poderá escolher quem substituirá Rita Serrano na presidência da Caixa. Neste caso, os nomes mais cotados são Gilberto Occhi e Margarete Coelho, ambos do partido. Já o União Brasil deve manter o controle sobre a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Por outro lado, não está claro onde serão encaixados os deputados federais André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), que já foram indicados por aliados para o governo Lula. Fufuca era cotado para assumir o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), pasta que controla o programa Bolsa Família, mas uma ala do Palácio do Planalto defende que ela precisa ficar sob o guarda-chuva do PT. Já Silvio Costa Filho é considerado um deputado com melhor relação dentro do governo e poderia ocupar tanto o Ministério do Esporte quanto outros cargos mais sensíveis para a gestão petista.
Por conta dessa letargia, a expectativa do Centrão é que as negociações ganhem um ritmo mais célere na próxima semana, quando deputados e senadores retornam ao trabalho após o recesso parlamentar.
Não há sequer uma data fechada para um possível encontro entre lideranças partidárias de PP e Republicanos com o presidente Lula para tratar dos cargos. Os governistas dizem, entretanto, que o encontro deve acontecer já na semana que vem, quando Lula estará recuperado de uma intervenção médica feita no quadril.
Ainda segundo a reportagem, por conta disso, a maioria dos expoentes desses partidos de centro aposta que o mapa da reforma ministerial sairá do papel e será oficializado apenas na segunda semana de agosto.