Impulsionado por um bom desempenho das commodities e um noticiário corporativo positivo, o Ibovespa teve nesta quinta-feira (16) mais um dia de alta, apagando, assim, a queda que acumulava na semana. Com petróleo e o minério de ferro em alta sustentada, as notícias em Brasília mais calmas e as decisões de política monetária nos EUA, ontem, na Zona do Euro e no Reino Unido, hoje, majoritariamente dentro do esperado, ainda que com um tom mais duro, de aperto, os investidores encontraram suporte para emplacar mais uma elevação.
Assim, o Ibovespa encerrou o dia em alta de 0,83%, aos 108 326,33 pontos. Distante, porém, das máximas, quando tocou os 109 mil pontos. Na mínima do dia, que coincidiu com a abertura, esteve em 107.432,62 pontos.
Com o dia positivo tanto para o petróleo, quanto para o minério, as ações ligadas a commodities tiveram bom desempenho e puxaram a bolsa brasileira. A elevação de 4,56% do minério de ferro em Qingdao, na China impulsionou siderúrgicas e metalúrgicas. Assim, a Vale, ação de maior peso no índice, registrou hoje alta de 3,91%.
“Aqui, o principal driver está atrelado às commodities. A Vale, além do minério, vai na sequência do otimismo com retomada da economia chinesa, que foi uma preocupação muito grande nos últimos meses. A despeito das decisões de política monetária no mundo, as commodities acabaram ajudando”, aponta Rafael Germano, broker da mesa de renda variável da Blue3.
Já o barril de petróleo teve hoje alta, tanto no óleo negociado em Nova York, quanto em Londres. O barril do Brent fechou o dia em alta de 1,54% e o WTI, 2,13%. O dado ajudou as empresas do setor e, para a Petrobras, impulsionou uma alta de 2,07% (ON) e 1,33% (PN). Dão fôlego às ações da estatal, ainda, notícias da aprovação, pela petroleira, da venda de 100% das ações da Braskem, que será conduzida por meio de oferta pública secundária de ações (follow on).
Também foi destaque no noticiário corporativo o aval do Cade à fusão da Hapvida com a NotreDame Intermédica. Os papéis das empresas chegaram a entrar em leilão pela oscilação máxima permitida, de manhã, quando subiam mais de dois dígitos. Terminaram o dia bem mais modestas, cotadas em 1,58% (Hapvida) e 3,17%.
Uma alta maior é contida, no entanto, porque os investidores ainda digerem a decisão do Federal Reserve (Fed) de ontem – de acelerar a retirada de estímulos à economia e prever 3 altas nos juros já em 2022 – e as sinalizações de aperto monetário dos bancos centrais inglês e europeu, o primeiro com alta efetiva dos juros e o segundo com redução de estímulos.
Ainda que uma alta nos juros em países desenvolvidos, sobretudo nos Estados Unidos, desfavoreça emergentes como o Brasil, por uma potencial fuga de capital, a percepção é de que não houve surpresas nos comunicados, que já haviam sido em grande parte precificados.
“Amanhecemos bem, porém à tarde tivemos mercado digerindo de certa forma as colocações dos bancos centrais no mundo. Tivemos, no mercado americano, uma declaração na ata do Fomc que basicamente foi em linha com o esperado pelo mercado”, pontua o head de renda variável da Zahl Investimentos, Flávio de Oliveira, completando: “O mercado deu uma invertida durante a tarde, mas nosso índice segue no campo positivo, em parte porque já trabalhamos em níveis bastante descontados”.
Lá fora, as três bolsas americanas fecharam em baixa hoje, com Nasdaq recuando 2,47%. Para Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo, há uma resiliência na bolsa brasileira nos últimos dias, marcada por uma disposição dos investidores de emplacar um rali de fim de ano. “Está tendo um movimento coordenado dos BCs (no mundo) em combater inflação. Tem um movimento de tirar estímulos e consequente aumento de juros e isso é negativo para bolsa. Mas aqui está bem resiliente. Isso tem relação, numa visão de mais longo e médio prazo, com aquele pensamento de que está barato investir na bolsa”, aponta.
No mês, o Ibovespa acumula alta de 6,29%. Na semana, anulou a queda acumulada até ontem e registra avanço de 0,53%.