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terça-feira 5 de janeiro de 2021 às 18:37h

Importação de vacina pronta de Oxford feita na Índia custa R$ 56 milhões ao governo

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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou nesta terça-feira (5) que custará US$ 5,25 (R$ 27,9) a importação de cada unidade de um lote de 2 milhões de doses prontas da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca. No total, o negócio será de cerca de R$ 56 milhões. A vacina é fabricada pelo Instituto Serum, na Índia, e deve chegar ao Brasil em meados de janeiro.

A importação das doses prontas é a principal aposta do governo Jair Bolsonaro para começar a campanha de vacinação em 20 de janeiro.

Segundo o jornal Estado de S. Paulo, a Fiocruz deve pedir nesta semana o aval para uso emergencial do produto. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estima levará até 10 dias para concluir a análise deste pedido. O governo afirma que não há veto do governo indiano para a venda ao Brasil.

Além de importar 2 milhões de doses prontas, o governo pretende receber em janeiro ingrediente para fabricar, na Fiocruz, 210,4 milhões de unidades do mesmo imunizante em 2021. O laboratório brasileiro assinou um contrato de “encomenda tecnológica” com a AstraZeneca. As doses concluídas no Brasil devem ser entregues a partir de fevereiro. Em média, o governo pagará US$ 2,3 (R$ 12,25) pelo ingrediente necessário para fabricar cada unidade do imunizante.

O imunizante da Pfizer, cuja cumpra é negociada pelo governo federal, custa cerca de US$ 20 (R$ 106,52) por unidade. O valor entre a empresa e o ministério, porém, é desconhecido. A Pfizer já disse que deve ser menor, pois o Brasil participou da pesquisa clínica de desenvolvimento da vacina contra a covid-19. A vacina tem eficácia média de 95%, mas exige temperatura de armazenamento de -70 graus.

Ministério desconhecia preço para importação da Índia

A negociação para comprar doses prontas da vacina de Oxford foi feita no fim de 2020. O governo federal é pressionado para antecipar o calendário de imunização. Em pronunciamentos, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, apontou datas distintas sobre o começo da campanha contra a covid-19: de dezembro de 2020 a março deste ano. Pesa ainda sobre o ministério a estimativa do governador paulista João Doria (PSDB) de começar a vacinar em 25 de janeiro, com o uso da Coronavac. Doria é inimigo político do presidente Jair Bolsonaro.

Em 29 de dezembro Pazuello teve reunião com representantes da AstraZeneca, que ofereceram ao governo federal o produto pronto para a importação. Em 31 de dezembro, a Fiocruz pediu à Anvisa o aval para trazer as doses. Horas mais tarde, o Ministério da Saúde ainda questionava o laboratório brasileiro e a AstraZeneca sobre qual seria o valor de cada dose do produto.

Apesar de usar a falta de registro na Anvisa como justificativa para negar a compra imediata de doses da Coronavac e da Pfizer, o ministério aceitou a importação de doses da AstraZeneca, mesmo sem conhecer o valor do negócio. O produto também não tem registro da agência brasileira.

Procurado, o Ministério da Saúde não se manifestou sobre a importação.

O governo investiu cerca de R$ 2 bilhões para firmar o contrato de encomenda tecnológica, comprar o ingrediente para fabricação das doses e equipar a Fiocruz. No plano nacional de imunização, o governo prevê aplicar doses desta vacina em cerca de 50 milhões de brasileiros de grupos prioritários ainda no primeiro semestre.

A falta de transparência sobre os dados da vacina de Oxford e AstraZeneca gerou críticas na comunidade científica. Um erro de dosagem levou a dois resultados de eficácia do produto: 62% quando aplicada em um regime de duas doses completas e 90% com meia dose seguida de outra completa. Há ainda dúvidas sobre os resultados para pessoas acima de 55 anos.

Responsável por coordenar o estudo clínico da vacina no Brasil, a médica Lily Yin Weckx disse ao Estadão que a primeira dose da vacina já mostra eficácia de cerca de 70% contra a doença, mas em intervalo curto. “A gente ainda pode ficar com a média de eficácia de 70%. O estudo continua; teremos um ano de segmento para ver a persistência da proteção, dos anticorpos, de segurança, etc”.

Segundo Lily, “o que é importante é que temos uma vacina segura, eficaz e que pode fazer a diferença na pandemia. Esses número de 60%, 70%, 80% é de proteção contra a doença covid. Mas se considerarmos doenças graves e hospitalização, a vacina foi capaz de evitar quase 100%”. Ela diz que entre as pessoas que foram vacinadas, nenhuma teve uma doença grave ou ficou hospitalizada por covid. Todas as hospitalizações ocorreram no grupo controle.

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