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sexta-feira 7 de outubro de 2022 às 21:59h

Igrejas evangélicas aumentam poder no Congresso, e bancada fica mais ‘conservadora’

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A bancada evangélica será reforçada por campeões de voto e pelo aumento do poder das grandes igrejas do segmento no Congresso Nacional, ganhando evidência na defesa da pauta de costumes, a partir de 2023. Levantamento feito com base no resultado das eleições deste ano mostra que, dos 203 integrantes da Frente Parlamentar Evangélica na Câmara, 177 foram candidatos a novo mandato. Deste total, 109 tiveram sucesso, uma taxa superior a 60%.

Além da reeleição de deputados que já ocupam uma vaga na Casa, a bancada será reforçada por novatos e campeões de voto nos Estados. O bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG), integrante da Comunidade Evangélica Graça e Paz, foi o deputado mais votado do Brasil, com 1,492 milhão de votos. Na outra ponta, o deputado André Janones (Avante-MG), da Igreja Batista da Lagoinha e aliado do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, foi reeleito com votação expressiva (238.967 votos). Janones conquistou o segundo lugar em Minas.

No Paraná, o ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol foi o mais votado e deve engrossar a bancada da Bíblia em Brasília. Deltan pertence à Igreja Batista do Bacacheri, em Curitiba, e costuma fazer palestras e pregações nos púlpitos evangélicos. Ele se juntará a Filipe Barros (PL), da Igreja Presbiteriana Central de Londrina, reeleito no Paraná.

Em Pernambuco, o candidato campeão de voto foi André Ferreira (PL), oriundo da Assembleia de Deus e filho do pastor e deputado estadual Manoel Ferreira. No Ceará, o deputado mais votado, André Fernandes (PL), também é oriundo da Assembleia de Deus e promete reforçar a pauta conservadora de costumes defendida por evangélicos no Congresso.

A bancada da Bíblia ainda não fez um levantamento final sobre o número de evangélicos eleitos no último domingo, 2, mas calcula que vai aumentar com os novos parlamentares, a maioria dos quais aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Vai ter um grupo mais coeso agora porque os novos deputados eleitos são evangélicos e é gente bem mais aguerrida. Isso vai ficar muito bom para a bancada”, disse o deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP), um dos principais articuladores do grupo e reeleito para o quarto mandato na Câmara.

Crescimento

Pastores de grandes igrejas mantiveram e até ampliaram seu poder na Câmara. Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo no Rio, conseguiu reeleger o deputado Sóstenes Cavalcante (PL), presidente da Frente Parlamentar Evangélica. Já em São Paulo, o deputado Paulo Freire Costa (PL) ganhou mais um mandato. Ele é pastor da Assembleia de Deus do Belém em Campinas e filho do patriarca da igreja, José Wellington Bezerra da Costa, a maior do segmento no país.

O deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), também líder da bancada evangélica, conseguiu novo mandato e ainda elegeu sua mulher, Antônia Lucia (Republicanos), pelo Acre. O deputado é irmão do pastor Samuel Câmara, presidente da Assembleia de Deus em Belém, onde nasceu a denominação. A família é dona da rede de TV Boas Novas e domina a segunda maior convenção da igreja no País, atrás apenas da governada por José Wellington.

Outro “assembleiano” reeleito sob as bênçãos pastorais foi o deputado Cezinha Madureira (PSD-SP), porta-voz do bispo Samuel Ferreira e expoente da Assembleia de Deus de Madureira no Congresso. “Nós somos pobres, nós não temos dinheiro. Deus deu a vitória”, afirmou Ferreira, líder da igreja que tem templos espalhados pelo Brasil inteiro e em outros países.

Neste ano, as igrejas evangélicas adotaram estratégia diferente e, em vez de dividir votos entre candidatos, ungiram nomes competitivos em cada Estado. Em Alagoas, por exemplo, a Madureira abriu mão de lançar um integrante da denominação para apoiar oficialmente a reeleição do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), o mais votado no Estado.

Líder da Assembleia de Deus Madureira, bispo Samuel Ferreira, declara apoio à eleição do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL).

A tendência é que a Assembleia de Deus continue com a maior parte da bancada. A instituição é dividida entre diferentes alas que costumam disputar a liderança da Frente Parlamentar e até a abertura de templos em pequenas cidades, mas acaba se unindo em temas de interesse comum no Congresso, como isenção de impostos a igrejas e pautas de costume.

‘Cosmovisão Marxista’

A Assembleia de Deus decidiu apoiar abertamente a reeleição de Jair Bolsonaro. O candidato do PL foi recebido por José Wellington e Samuel Ferreira em suas igrejas, na quarta-feira, 4, em São Paulo. A Convenção Fraternal das Assembleias de Deus do Estado de São Paulo (Confradesp), que reúne as congregações comandadas por Wellington, aprovou no mesmo dia uma resolução para punir fiéis e pastores que “defenderem pautas de esquerda dentro da cosmovisão marxista”. A decisão foi vista como enquadramento, com o objetivo de forçar seus membros a votar em Bolsonaro.

O missionário R.R. Soares, famoso pela transmissão de cultos na TV e líder da Igreja Internacional da Graça de Deus, já tem um filho deputado federal e agora terá dois: David Soares (União-Brasil), reeleito em São Paulo, e Marcos Soares (União-Brasil), estreante na Câmara pelo Rio de Janeiro.

Na Universal do Reino de Deus, o bispo Edir Macedo, outro evangelista das telas, manteve o poder ao reeleger os deputados Marcos Pereira e Celso Russomano, os dois do Republicanos de São Paulo. O apóstolo Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus, tentou emplacar o ex-deputado José Olimpio (PL-SP), mas o político não teve votos suficientes para voltar a ocupar uma cadeira no Congresso.

Os evangélicos de esquerda continuam sendo minoria no Congresso, mas ganharam nomes com votações expressivas nesta eleição. A ex-ministra Marina Silva (Rede), da Assembleia de Deus, foi eleita deputada federal por São Paulo. No Rio, o grupo emplacou Henrique Vieira (PSOL), pastor da Igreja Batista do Caminho, além dos veteranos Benedita da Silva (PT), da Assembleia de Deus, e Chico Alencar (PSOL), da Igreja Anglicana, que retornará ao Congresso.

Em comum, esses candidatos não concentraram suas campanhas em igrejas, mas tiveram apoio de outros grupos de esquerda e do ex-presidente Lula para conseguir votos.

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