Certos anos são mais importantes do que outros na história da Audi: 1909, quando August Horch fundou a empresa em Zwickau, Alemanha; 1932, quando ao lado das conterrâneas DKW, Wanderer e Horch compôs a Auto Union; 1965, quando a Volkswagen comprou o conglomerado das quatro argolas da Daimler-Benz; e 1994, quando A4, A6 e A8 redefiniram conforme Rodrigo Mora, da Forbes, as diretrizes estéticas e conceituais da marca.
Já no Salão de Frankfurt do ano seguinte foi a vez de mostrar o TT, que em 1998 surgiu em versão de produção pouco diferente do conceito exibido no outrora maior salão de automóveis do mundo. Seu nome presta homenagem à Tourist Trophy, a corrida de motocicletas mais insana (e certamente perigosa) do planeta, realizada na Ilha de Man, na Inglaterra.
Em 1999 o TT Roadster estreou para rivalizar com o Mercedes-Benz SLK e a versão descapotável do BMW Z4.
Baseado na plataforma da quarta geração do Volkswagen Golf, podia ser equipado com motores de quatro (que rendia de 150 a 225 cv) ou seis cilindros (250 cv). Dependendo da versão tinha tração dianteira ou integral.
O estilo, segundo a Audi, veio da Bauhaus, a famosa escola de artes fundada em 1919 pelo arquiteto Walter Gropius, cuja principal contribuição para o design moderno foram as formas e linhas simplificadas, definidas pela função do objeto.
“Para nós, o maior elogio foi quando a imprensa especializada notou com apreço que não havia mudado muito do conceito para o modelo de série, embora tenhamos mudado, claro, pois tivemos que adaptar muitos detalhes devido às especificações técnicas para a versão de série, incluindo as proporções”, relembra Torsten Wenzel, o designer de exteriores da Audi que ajudou a fazer a transição entre a visão do designer Freeman Thomas e a realidade. A principal mudança foi a introdução de uma janela lateral traseira, que alongou o perfil do carro.
Curiosidade sobre sua produção: as carrocerias pintadas eram transportadas durante a noite por trem de Ingolstadt para Győr, na Hungria, onde se finalizava a montagem do carro – método de manufatura único na época.
Em oito anos, 178.765 unidades do TT Coupé de primeira geração (8N) foram produzidas; do TT Roadster foram 90.733 exemplares entre 1999 e 2006.
A segunda geração surgiu em 2006 e ficou marcada pela introdução dos amortecedores adaptativos, além da versão esportiva RS – pela primeira vez em um cupê da marca.
Em 2014 a terceira foi lançada, até 50 kg mais leve.
No Brasil
O TT aterrissou por aqui em 26 outubro de 1998. Literalmente: içado por um helicóptero, o cupê pousou no Sambódromo do Anhembi para a apresentação à mídia especializada antes de seguir para o estande da Audi no Salão do Automóvel daquele ano, à época realizado no Pavilhão do Anhembi.
Praticamente todas as versões vendidas na Europa também foram ofertadas por aqui, ainda que às vezes em exíguas unidades, como o TT RS. Há exatos dez anos, a marca alemã trouxe cerca de 25 unidades do esportivo equipado com motor 2.5 de cinco cilindros e 340 cv, que custavam de R$ 399 mil a R$ 419 mil.
Já é clássico?
Para a Hagerty, sim. Baseados num banco de dados próprio, formado pela avaliação de mais de 40 mil veículos, analistas da seguradora norte-americana especializada em clássicos sugerem quais modelos comprar antes que seus preços escalem. É o que a Hagerty chama de “Bull Market List“.
Sobre o TT, a Hagerty diz que “as cotações cresceram mais rapidamente de 2018 a 2020 do que as dos Mercedes-Benz SLK e BMW Z4. E com a geração dos ‘boomers’ entrando nesse mercado, as grandes vendas necessárias para solidificar o TT como um carro de colecionador podem ocorrer em breve”.
Mais colecionável ainda será a partir de agora, prestes a sair linha: na Inglaterra, já se vende a versão de despedida Final Edition.