O Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira, 15, pelo oitavo pregão seguido, renovando máxima histórica intradia, endossado pelo ambiente favorável a risco, conforme se consolidam as apostas de que o Federal Reserve começará a cortar juros em setembro, bem como a percepção de pouso suave da economia norte-americana.
Uma nova bateria de balanços e notícias corporativas no Brasil também repercutiu na bolsa paulista, com IRB(Re) disparando diante de resultado acima das expectativas no segundo trimestre, enquanto Petz foi destaque na ponta negativa após lucro abaixo do esperado por analistas.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,63%, a 134.153,42 pontos, perto da máxima histórica de fechamento apurada em 27 de dezembro do ano passado, de 134.193,72 pontos.
No melhor momento do dia, o Ibovespa chegou a 134.574,50 pontos — recorde intradia, superando a marca anterior, de 134.391,67 pontos, em 28 de dezembro de 2023. Na mínima, marcou 133.318,76 pontos. O volume financeiro somava R$ 27,3 bilhões.
Já o dólar, após os recuos mais recentes, subiu pela segunda sessão consecutiva nesta quinta-feira no Brasil, se reaproximando dos R$ 5,50, com as cotações acompanhando a alta da moeda norte-americana ante a maior parte das demais divisas no exterior após a divulgação de dados positivos sobre a economia norte-americana.
O dólar à vista fechou em alta de 0,28%, cotado a R$ 5,4842. Em agosto, porém, a moeda norte-americana ainda acumula baixa de 3,03%.
Às 17h04, Na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,28%, a R$ 5,4945 na venda.
O dia do Ibovespa
“Os últimos números (de inflação) sugerem que o Federal Reserve pode começar a cortar as taxas em setembro”, afirmou a analista Ipek Ozkardeskaya, do Swissquote Bank.
“O suspense (sobre a magnitude do corte) pode durar até o próximo relatório de empregos, que dará uma ideia mais clara sobre o quanto da fraqueza dos últimos dados de empregos foi devido ao furacão Beryl — ou seja, o quanto foi uma desaceleração temporária”, acrescentou.
Ozkardeskaya afirmou acreditar que um corte de 0,25 ponto percentual no próximo mês seja mais “plausível” com base nos dados atuais.
Após os dados benignos de preços ao produtor e ao consumidor mais cedo nessa semana, números dos EUA nesta quinta-feira, principalmente de vendas no varejo e pedidos de auxílio-desemprego, ajudaram a reduzir ainda mais temores de recessão que recentemente desencadearam forte aversão a risco.
“Os dados mais fortes refutam a ideia de que a economia americana esteja caminhando para uma recessão ou desaceleração mais forte”, afirmou o estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, avaliando que também acabam arrefecendo apostas mais agressivas de cortes de juros pelo Fed.
Em Nova York, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou em alta de 1,61%
Destaques
– PETROBRAS PN avançou 1,54%, endossada pelo movimento dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou em alta de 1,6%. A companhia também anunciou nesta quinta-feira que está iniciando a reativação da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados, no Paraná, com previsão de investimentos de 870 milhões de reais.
– ITAÚ UNIBANCO PN fechou em alta de 1,59%, reforçando o sinal positivo do Ibovespa, enquanto BRADESCO PN valorizou-se 1% e BANCO DO BRASIL ON terminou com elevação de 0,79%. SANTANDER BRASIL UNIT cedeu 0,03%. No setor, o destaque ficou para BTG PACTUAL UNIT, que subiu 3,4%.
– IRB(RE) ON disparou 30,66%, com o balanço do segundo trimestre mostrando lucro líquido de 65,2 milhões de reais, um salto de 225% na comparação ano a ano e acima das previsões de analistas. Após os números, analistas do BTG Pactual elevaram a recomendação das ações para “compra”.
– RUMO ON avançou 2,01%, após divulgar lucro líquido ajustado excluindo efeitos extraordinários de 721 milhões de reais no segundo trimestre, um salto em relação ao ganho de 167 milhões do mesmo período de 2023. A companhia também atualizou projeções para 2024 e o CFO disse que vê o mercado de logística positivo para fretes.
– BRF ON fechou em alta de 1,7%, na esteira do lucro líquido de 1,1 bilhão de reais no segundo trimestre, o melhor desempenho para o período da sua história. MARFRIG ON, controladora da BRF, que também reportou balanço, bem como programa de recompra de ações, subiu 2,03%.
– PETZ ON caiu 9,69%, em meio à repercussão do resultado do segundo trimestre, com lucro líquido de 4,97 milhões de reais, abaixo das previsões de analistas.
– SLC AGRÍCOLA ON recuou 2,47%, após reportar lucro líquido de 321,4 milhões de reais no segundo trimestre, queda de 7,8% ano a ano. A SLC afirmou que avaliará oportunidades para tirar proveito dessa conjuntura com preços mais baixos de commodities agrícolas como soja e milho e eventualmente ampliar sua áreas plantadas.
– VALE ON fechou com acréscimo 0,41%, em dia de desempenho misto dos futuros do minério de ferro na Ásia, com o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian, na China, encerrando as negociações da manhã com queda de 2,09%, enquanto o contrato de referência na Bolsa de Cingapura reverteu a queda e subiu 1,1%.
– AMERICANAS ON, que não está no Ibovespa, afundou 57,58%, um dia após divulgar prejuízo líquido de 1,4 bilhão de reais no primeiro semestre deste ano, enquanto cancelou previsões de desempenho para 2025. A administração da companhia, que está em recuperação judicial, disse que passou a se concentrar apenas na operação desde o final de junho. Na véspera, também acabou o período de “lockup” para que alguns investidores pudessem vender uma parte das ações da empresa.
– INFRACOMMERCE ON, que não faz parte do Ibovespa, desabou 20,69%, após a empresa anunciar na véspera acordo com credores para reestruturação de dívidas da operação no Brasil e divulgar balanço do segundo trimestre com uma baixa contábil de 1,4 bilhão de reais.
– STONECO, que é negociada nos EUA, fechou em alta de 5,32%, em meio a um lucro líquido ajustado levemente acima do esperado no segundo trimestre, de 497 milhões de reais, impulsionado por um aumento nos pagamentos processados.
O dólar no dia
A divisa dos EUA oscilou em margens estreitas nesta quinta-feira, ora em alta, ora em baixa, sem que surgissem notícias que pudessem justificar um movimento mais firme em relação ao real.
“Podemos dizer que é mais do mesmo em relação às pautas que têm feito preço nas últimas semanas e meses. Mas o mercado (está) reagindo ‘em cima do lance’ a cada novo indicador”, avaliou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo.
No início da sessão, os dados de maior destaque vieram dos EUA. O Departamento do Comércio informou que as vendas no varejo norte-americano aumentaram 1,0% em julho, após a queda revisada para baixo de 0,2% em junho.
O resultado foi bem melhor que o esperado pelo mercado. Economistas consultados pela Reuters previam que as vendas no varejo, que são em sua maioria mercadorias e não são ajustadas pela inflação, avançariam 0,3%.
Já o Departamento do Trabalho informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego estaduais caíram em 7.000, para 227.000, com ajuste sazonal, na semana encerrada em 10 de agosto. Economistas previam 235.000 pedidos para o período.
Os números do varejo e do mercado de trabalho sugeriram que a economia dos EUA segue forte, o que deu força aos rendimentos dos Treasuries e ao dólar ante boa parte das demais divisas. Após a divulgação dos dados o dólar se aproximou dos 5,49 reais no Brasil.
No início da tarde, porém, a moeda norte-americana oscilava em queda ante o real, com a moeda tentando retomar os ajustes de baixa mais recentes. O movimento, no entanto, tinha força limitada, mesmo porque o dólar seguiu em alta firme no exterior.
Operador ouvido pela Reuters ponderou que o avanço forte dos rendimentos dos Treasuries de dez anos — referência global de investimentos — era o principal fator de sustentação para a moeda norte-americana.
Assim, após marcar a cotação mínima de 5,4496 reais (-0,36%) às 12h37, o dólar à vista atingiu a máxima de 5,4955 reais (+0,48%) às 15h32, em sintonia com o exterior.
Às 17h13, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,41%, a 103,020.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 1º de outubro de 2024.