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quinta-feira 28 de janeiro de 2021 às 07:58h

Hospital da Bahia contradiz Anvisa e afirma ter apenas cinco casos de ‘superfungo’

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Conforme matéria do jornal Correio, o Hospital da Bahia sustenta que apenas cinco pacientes foram infectados com o ‘superfungo’ Candida auris. Esse número é diferente do que foi confirmado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). O órgão afirma que identificou na instituição hospitalar privada 11 casos da presença desse germe causador de infecções graves. Esses são os únicos casos registrados em todo o país.

Segundo o infectologista Igor Brandão, coordenador da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital da Bahia (CCIH), quatro pacientes foram identificados com a infecção pelo fungo em dezembro e um recentemente, na segunda-feira (25). Dos cinco diagnosticados, quatro estavam com quadro grave de covid-19. O quinto teve uma doença de origem não revelada. Eles foram intubados, usaram diálise, cateteres e medicações. “São pacientes altamente complexos, o que na nossa linguagem da medicina dizemos que são fatores de risco para fungemia. Ou seja, esses pacientes tem alto risco de ter algum fungo”, disse.

Dos contaminados, três morreram, mas não por causa do fungo, segundo o médico. “A infecção pode ser corresponsável, mas a doença mais grave e sem tratamento não foi a Candida auris e sim a covid-19”, revelou.  Dos outros dois casos, um corresponde ao primeiro paciente diagnosticado, um idoso com comorbidades que foi internado em estado grave por causa da covid-19. “Hoje, ele está lúcido, orientado, curado e tratado em casa. Ele foi salvo do coronavírus e também da C. auris”, falou o médico do Hospital da Bahia. Já o quinto paciente ainda está internado em estado grave, intubado e fazendo diálise. Ainda segundo o médico, quatro pacientes são homens e um é mulher, todos com média de idade de 60 anos.

Colonização

O Hospital da Bahia não reconhece os outros seis casos a mais divulgados pela Sesab e Anvisa, mas afirma que, durante a investigação, seis episódios de colonização em pacientes que não tiveram infecção ou de ambiente hospitalar foram encontrados. “A gente teve cinco caso de pessoas com líquidos corporais com Candida e o resto foram culturas do ambiente, não do paciente”, explicou Brandão.

Isso quer dizer que no leito desses seis pacientes, em algum local, tinha o germe que, felizmente, não foi capaz de infectar o organismo do doente. “O leito tem várias coisas para mantê-lo vivo como a bomba de infusão, ventilador, suporte de soro, grade de cama e mesa para medicação. A gente fez cultura disso tudo, até das paredes e dispensadores de álcool. E esses meios podem ter fungos e bactérias, mas não quer diz que o paciente teve fungo e bactéria”, falou.

“Existe uma diferença técnica entre colonização e infecção. Eu acho que esse dado está alterado no que diz respeito a isso. Na colonização, o paciente pode ter o germe, que pode ser o fungo ou uma bactéria que mora na pele da pessoa, e não levar a doença. Inclusive, a orientação é que não seja tratada colonização, pois pode ser induzida a resistência fúngica e, aí sim, no futuro virar um superfungo”, avaliou o infectologista do hospital.

Cultura de Vigilância

Através da assessoria, a Sesab informou novamente, nesta quarta-feira (27), que 11 casos foram registrados e não há retificação sobre esse dado até o momento. O órgão também explicou que esse número foi notificado nacionalmente pela Anvisa. No entanto, ainda na quarta-feira, a pasta acrescentou que esse dado inclui casos clínicos e de vigilância. Em entrevista ao CORREIO, o infectologista da Diretoria de Vigilância Epidemiológica do Estado, Antonio Bandeira, confirmou que cinco dos 11 casos contabilizados pela Sesab foram atestados em culturas clínicas e seis em cultura de vigilância.

“A de vigilância é uma cultura em que a pessoa não está doente e você encontra o fungo na superficie dela. Você faz uma cultura da pele, da região axilar, da região inguinal etc. E encontra que o fungo está presente na superfície. E a cultura clínica é quando está em algum local que cause doença: sangue, urina, dentro da parte respiratória”, revelou Bandeira. A Anvisa foi prucurada para prestar mais informações sobre a divergência entre os números de casos e sobre as características da cepa. A noite, o órgão respondeu indicando o CIEVS Bahia como fonte de informações mais específicas e locais. Por conta do horário da resposta, não tivemos tempo de entrar em contato com o CIEVS Bahia antes do fechamento desta publicação.

‘Superfungo’?

De acordo com informações da Anvisa, o fungo Candia auris é capaz de causar infecção na corrente sanguínea, pode provocar feridas e é especialmente fatal em pacientes com comorbidades. Ele preocupa também porque fica impregnado no ambiente por longos períodos — de semanas a meses — e resiste até aos mais potentes desinfetantes. Pela dificuldade de eliminação e por ser confundido com outras duas espécies, o que demora na identificação, há a propensão de gerar surtos.

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