Em novembro de 1991, a Honda apresentava ao mundo a CBR 900RR Fireblade. A superesportiva foi a sensação do Salão de Milão daquele ano e revolucionou o segmento no ano seguinte de acordo com Arthur Caldeira, do Mobilidade, quando chegou às lojas. As outras motos esportivas da época tinham um motor muito potente, mas eram pesadas.
A equipe de engenheiros da Honda, liderada pelo pai da linhagem Fireblade, Tadao Baba, trabalhou no sentido contrário. O objetivo era reduzir o peso da CBR 900RR para conseguir mais velocidade com menos peso. Desde então, o modelo passou por diversas evoluções e avanços técnicos, mantendo-se, no entanto, fiel ao conceito original de um equilíbrio entre potência e controle.
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A receita, aparentemente, deu certo. Afinal, o modelo completou 30 anos de sucesso nas pistas, em 2022, mas com uma grande diferença. Além do motor maior e do novo nome CBR 1000RR-R (o tal triple “R”), a Fireblade é hoje a superesportiva de 1.000 cc, aspirada, mais potente da atualidade.
Honda CBR 1000RR-R 2023 tem 216,2 cv de potência
Seu motor de quatro cilindros em linha, 999 cm³, que estreou no modelo RR-R em 2020, produz 216,2 cv de potência máxima a 14.500 rpm.
Mesmo elevando a potência, a Honda não descuidou do peso: com um quadro perimetral de dupla trave feito em alumínio, a CBR 1000 RR-R SP marca 189 kg a seco na balança – apenas 4 kg a mais do que a CBR 900RR de 1992 (assista o vídeo acima que mostra a evolução do modelo).
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Mas, com tanta potência, para se manter fiel à filosofia de controle total, a Honda teve que se render à tecnologia. Equipada com um sensor de medição inercial que faz uma leitura de seis eixos da posição da moto, aceleração, velocidade e inclinação, a CBR 1000RR-R conta com diversos controles eletrônicos.
São três modos de pilotagem totalmente personalizáveis. O piloto pode configurar a entrega de potência, o controle de tração, o nível de atuação do freio motor, os freios ABS, enfim… Praticamente, tudo. Até mesmo as suspensões eletrônicas da grife Öhlins.
Motor e eletrônica receberam ajustes finos
Em busca da perfeição em sua superesportiva topo de linha, a Honda fez apenas ajustes finos para tornar a CBR 1000 RR-R Fireblade 2023, que chegou recentemente ao País, ainda mais afiada – Fireblade significa “lâmina de fogo” em tradução livre.
Primeiramente, a marca japonesa fez melhorias no sistema de admissão e escape do modelo. O objetivo foi aprimorar a entrega de potência na segunda e terceira marchas, um pedido dos pilotos da equipe Honda no Campeonato Mundial de Superbike.
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A atuação do quickshifter, sistema que permite trocar as marchas sem o uso da embreagem, também passou por melhorias. Agora, houve uma redução no tempo de corte da ignição, diminuindo a queda na rotação do motor nas trocas e melhorando a entrega de torque nas retomadas.
Controle total
Apesar de mais potente e moderna do que a primeira CBR Fireblade, a nova CBR 1000RR-R 2023 manteve uma de suas principais qualidades: a filosofia de controle total, que se traduz em “facilidade” de pilotagem. Facilidade entre aspasmesmo, pois se trata de uma superesportiva de 1.000 cc com 216 cavalos que requer certa experiência.
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Ainda assim, até mesmo pilotos não profissionais, como eu, podem se divertir bastante com a nova CBR 1000RR-R SP na pista. Durante o evento de lançamento do modelo, tive direito a uma sessão de treinos no Autódromo Velocitta, no interior de São Paulo.
Suspensões eletrônicas
As suspensões eletrônicas permitem infinitos ajustes e a balança traseira, inspirada na RC 213V da MotoGP, e o monoamortecedor fixado diretamente no motor resulta em um conjunto compacto que permite serpentear entre as curvas e no “S” do circuito com relativa facilidade.
Dessa forma, mesmo pilotos ocasionais sentem-se no controle da moto e conseguem acelerar bastante nas retas e deitar com confiança nas curvas. Diferentemente de outras esportivas mais nervosas que requerem mais prática e horas ao guidão para se entender com a moto. A meu ver, está aí uma das principais qualidades da CBR 1000RR-R SP.
O modelo chegou ao Brasil em fevereiro em duas versões. A comemorativa de 30 anos, que imitava a pintura da primeira Fireblade e já se esgotou; e a tricolor, nas cores da Honda Racing Corporation. O preço, assim como a potência, também está nas alturas: totalmente importada, o modelo 2023 da Triple R tem preço sugerido de R$ 193.500.