Depois de décadas achando que tinha um tumor na barriga, o indiano Sanju Bhagat foi diagnosticado com uma condição médica rara, chamada fetus in fetu (FIF). A estimativa é de que ela aconteça em 1 a cada 500 mil nascimentos
Desde criança, o indiano Sanju Bhagat era chamado de “homem grávido”. Ele tinha uma barriga mais saliente do que a das outras crianças e, por isso, acabou recebendo o apelido. O que ninguém imaginava era que, décadas depois, realmente seria comprovado que ele carregava uma “criança” no ventre.
Em junho de 1999, quando já tinha 36 anos, ele começou a sentir dificuldades para respirar e foi levado às pressas para o Tata Memorial Hospital, em Mumbai (Índia). Desconfiando que ele tinha um tumor na barriga, os médicos o levaram imediatamente para a sala de cirurgia.
“Basicamente, o tumor era tão grande que pressionava seu diafragma. Por isso, ele estava com muita falta de ar. Devido ao tamanho do tumor, sabíamos que seria difícil de operar. Já prevíamos muitos problemas”, disse o cirurgião Ajay Mehta, em entrevista à ABC News. Mas o que foi encontrado no estômago de Sanju surpreendeu até mesmo a equipe médica. “Para minha surpresa e horror, pude apertar a mão de alguém lá dentro. Foi um pouco chocante.”
Outra médica que participou do procedimento também se lembrou de como foi a situação. “Ele colocou a mão lá dentro e disse que havia muitos ossos. Primeiro, um membro saiu, depois outro membro saiu. Depois, uma parte da genitália, depois uma parte do cabelo, alguns membros, mandíbulas, cabelos…”, comentou.
Dentro do estômago de Sanju Bhagat havia um feto em formação. Foi, então, que ele foi diagnosticado com uma condição médica rara, chamada fetus in fetu (FIF). A estimativa é de que ela aconteça em 1 a cada 500 mil nascimentos. Uma das explicações é de que a gravidez começa com dois bebês compartilhando a mesma placenta, mas que, em algum momento do desenvolvimento, um deles é “absorvido” pelo irmão. Como não tem os órgãos necessários para sobreviver, acaba se tornando uma espécie de parasita do bebê maior. Às vezes, como no caso de Bhagat, o “gêmeo parasita” sobrevive e nasce.
Assim que terminou a cirurgia, o cirurgião Mehta conta que o paciente não quis ver o que foi retirado do seu estômago. “Ele não queria ver porque parecia muito medonho”, disse. Logo depois da cirurgia, a dificuldade de respirar desapareceu e Sanju Bhagat se recuperou imediatamente. “Mas ainda o ridicularizam por causa de sua condição. Dizem que ele foi operado e teve o bebê”, contou o médico.