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Montagem com fotos dos candidatos ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, Tarcisio e Rodrigo Garcia(PSDB) - Folhapress e Divulgação
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domingo 21 de agosto de 2022 às 07:33h

Histórico eleitoral paulista embaralha apostas e indica pesos de interior e Grande SP

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Com as exceções de Mário Covas (PSDB), em 1998, e Geraldo Alckmin (PSDB), em 2002, os últimos governadores de São Paulo chegaram ao Palácio dos Bandeirantes com vantagem de votos no interior do estado na comparação com a votação na Grande São Paulo.

É o que mostra levantamento feito pela Folha com base nos dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O saldo registrado pelas urnas eletrônicas nos últimos 20 anos embaralha ainda mais a aposta sobre quem deve triunfar na disputa ao Governo de São Paulo, uma das eleições mais acirradas deste ano.

Líder nas pesquisas, Fernando Haddad (PT) patina para conquistar a população mais distante da região metropolitana. Segundo o Datafolha, o ex-prefeito de São Paulo tem a preferência de 43% dos eleitores na capital e de 34% no interior. O bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), segundo colocado, e Rodrigo Garcia (PSDB), em terceiro, apresentam índices melhores fora da região metropolitana.

Uma análise dos resultados em 2010 e 2018, quando as duas regiões votaram em sentidos opostos, mostra que, para vencer sem conquistar a preferência do interior, é preciso abrir ampla vantagem na Grande São Paulo, porque o tamanho dos eleitorados é parecido: as 39 cidades da região metropolitana somam 16,4 milhões de eleitores registrados neste ano, e os 606 municípios do interior, 18,2 milhões.

No último pleito, na disputa entre Márcio França (PSB) e João Doria (PSDB), o tucano foi eleito no segundo turno com 51,7%. França teve 56,1% dos votos da Grande São Paulo e 41,2% do restante do estado.

Para levar a eleição, ele precisava de 741.611 votos a mais, ou seja, 63,5% na Grande São Paulo ou 47,8% no interior. Em 2010, Alckmin venceu no primeiro turno, com 50,6% —46,4% da preferência na capital e 54,6% no interior. Para que tivesse ocorrido segundo turno, os demais candidatos precisavam somar mais 268.646 votos, o que deixaria a votação de Alckmin em 44% na Grande São Paulo ou 52,3% no interior.

Especialistas ouvidos pela Folha apontam que o perfil do eleitorado do interior paulista tende a ser mais conservador e alinhado à direita, o que ajuda a explicar o domínio do PSDB no comando do estado.

Para Marcelo Vitorino, consultor e professor de marketing político da ESPM, soma-se a essa tendência o crescimento da onda antipetista na esteira de episódios como o assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel, em 2002, o mensalão e, por fim, a Operação Lava Jato.

“O estado de São Paulo concentra eleitorados mais progressistas nas regiões da capital e no litoral”, afirma Vitorino. “Além disso, o cinturão vermelho, as cidades próximas à capital e que predominantemente votavam no PT, entrou em declínio.”

O PSDB dá as cartas no estado desde 1995 e, ao longo desse período, deixou para trás as seguintes siglas: PPB (Eduardo Maluf, em 1998), PT (José Genoino, em 2002, e Aloizio Mercadante, em 2006 e 2010), PMDB (Paulo Skaf, em 2014) e PSB (Márcio França, em 2018).

“Quando um partido governa um estado há mais de 20 anos, consegue mobilizar com mais facilidade os prefeitos e detém a máquina pública na campanha. Isso explica a chamada força do interior”, afirma o cientista político Marco Antonio Carvalho Teixeira, da FGV.

O mais vitorioso entre os postulantes tucanos foi Alckmin. Eleito governador em quatro oportunidades, ele teve a maior votação no interior em três ocasiões —a única exceção é o segundo turno de 2002.

Em 2014, ao vencer no primeiro turno, conseguiu a proeza de ganhar em quase todos os municípios paulistas. Ele só não superou o terceiro colocado da disputa, Alexandre Padilha (PT), numa única cidade, Hortolândia.

Desde 1998, um candidato do PT vinha sendo o mais bem votado no município, hoje administrado pelo prefeito Zezé Gomes (PL). Esse histórico reduto petista, porém, ruiu em 2018. Há quatro anos, a população local escolheu Jair Bolsonaro para a Presidência da República e João Doria para o governo do estado.

Na tentativa de reaver a perda de influência em algumas regiões, a campanha de Haddad tentará explorar a presença e o legado de Alckmin. Depois de 33 anos filiado ao PSDB, o ex-governador se transferiu para o PSB e, hoje, é o vice na chapa do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A mudança trouxe outra dúvida: os eleitores dele devem migrar para o tucano da vez, Rodrigo Garcia, ou vão apoiar Haddad?

“Não é uma conta automática. Alckmin não conta com a máquina partidária nem com o governo do PSDB. Grande parte das lideranças dos prefeitos, hoje, está com Rodrigo”, afirma o cientista político Teixeira.

Uma boa medida de como o ex-tucano não conseguiu segurar a fidelidade entre os paulistas, de acordo com especialistas, é a performance dele na eleição presidencial de 2018. Alckmin cravou o pior desempenho do PSDB em um pleito nacional, com o quarto lugar e 4,7% dos votos.

Nessa divisão de preferências por regiões do estado, a equipe de campanha de Rodrigo é quem nutre mais otimismo pela reeleição. Na avaliação dos tucanos, a predileção dos paulistas por Alckmin ocorreu em razão do sentimento antipetista.

“Haddad saiu com grande descrédito da Prefeitura de São Paulo, e o PT venceu pouquíssimas eleições municipais. Rodrigo rachou o bolsonarismo no estado, trouxe boa parte da União Brasil e é quem tem credenciais mais claras nesse cenário”, afirma Teixeira.

Rodrigo, natural de Tanabi (a 480 km de SP), vende-se como um “paulista raiz” e tenta arrebanhar o apoio da grande maioria dos prefeitos. Já Tarcísio, nascido no Rio, mira os votos dos bolsonaristas —grupo que, seduzido pela onda do “BolsoDoria”, pavimentou a vitória do tucano Doria diante de França em 2018.

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