A Toyota trabalha no desenvolvimento de uma picape híbrida baseada na mesma plataforma do Corolla. A informação já era conhecida, mas foi confirmada pela Toyota aos seus concessionários na última semana. A fabricante japonesa, inclusive, confirmou que o lançamento acontecerá em 2027.
Hoje, as únicas picapes híbridas à venda no Brasil são a Ford Maverick Hybrid e a BYD Shark. Mas daqui a dois anos a nova picape da Toyota ainda terá que rivalizar com GWM Poer, Renault Niágara, VW Tarok e com eventuais versões eletrificadas da Fiat Toro e Ram Rampage.
A Toyota tem um investimento de R$ 11 bilhões em curso no Brasil, sendo que R$ 6 bilhões serão utilizados entre 2026 e 2030. É um investimento massivo que visa deixar a operação brasileira mais independente do Japão, pois prevê, inclusive, a fabricação local dos motores flex usados em novos sistemas híbridos, seus módulos e também das baterias.
Sempre que precisou falar sobre a nova picape híbrida, a Toyota a tratou como um projeto exclusivo para a América Latina. Mas foi no Salão de Tóquio, no Japão, onde antecipou o desejo de ter uma picape média com chassi monobloco, com o conceito Toyota EPU.
O conceito também é baseado na plataforma TNGA, a mesma dos Corolla e Corolla Cross. A Toyota EPU Concept tinha 5,07 m de comprimento, sendo menor que uma Ford Maverick (5,11 m) e pouco maior que uma Fiat Toro/ Ram Rampage (5,02 m), mas ainda 24 cm menor que uma Toyota Hilux.
O detalhe é que a proposta deste carro conceito é ser uma picape elétrica, o que confere a ela proporções incomuns até para uma picape monobloco. O ponto mais notável é seu entre eixos, de 3,35 m (a Hilux tem 3,08 m), pois sua mecânica permite que o eixo traseiro fique tão deslocado para trás. Isso libera mais espaço para alocar a bateria sob a cabine e instalar motores no eixo dianteiro e no eixo traseiro.
Por isso o projeto precisaria ser bem modificado para tornar-se uma picape híbrida plug-in, como é esperada para a nova picape nacional da Toyota. E faria sentido a versão híbrida ter foco ser justamente na América Latina.
Novos motores nacionais
Ainda em 2023 a Toyota do Brasil anunciou o início dos testes para o desenvolvimento de um conjunto híbrido plug-in flex no Brasil, que a empresa chama de PHEV-FFV (veículos híbridos plug-in flex fuel). O ponto de partida é o Toyota RAV4 plug-in, que tem motor 2.5 a gasolina de ciclo Atkinson com 185 cv combinado a dois elétricos que somam 236 cv: 182 cv no motor dianteiro e 54 cv no traseiro. A bateria tem 18,1 kWh, tem recarga externa, e garante alcance de 75 km no modo elétrico.
Outro conjunto em testes para tornar-se flex é o 2.0 híbrido da nova geração do Prius. E isso permitirá que até mesmo os Toyota Corolla e Corolla Cross fiquem mais potentes.
A linha ficará assim. Os Corolla e Corolla Cross trocarão o atual conjunto 1.8 HEV flex de 122 cv por um 2.0 HEV flex com cerca de 150 cv. Já a picape poderá receber um 2.0 PHEV flex com cerca de 220 cv (com a possibilidade de ser 4×4) e ainda um 2.5 PHEV Flex equipará as versões mais caras da picape, sempre 4×4.
O interessante dos conjuntos PHEV Flex é que permitirá que a picape híbrida tenha tração 4×4 sem depender de um cardã atravessando o carro. Configuração mecânica semelhante será usada na picape híbrida da GWM (que também será fabricada no Brasil mas pode ser lançada apenas em 2026) e na BYD Shark.
Esses motores sairão da fábrica de motores da Toyota em Porto Feliz (SP), junto com um novo motor 1.5 (inclusive o 1.5 HEV) que equiparão o novo Yaris Cross.