Apesar de os poderes políticos não serem hereditários, a influência de alguns personagens públicos e seus sobrenomes podem ajudar a perpetuar candidaturas vitoriosas em uma mesma família. É o caso, por exemplo, de Jair Bolsonaro (PL) e seus três filhos, Eduardo (PL), Carlos (PL) e Flávio (PL), todos bem colocados na Câmara dos Deputados, na Câmara de Vereadores do Rio e no Senado Federal, respectivamente. Carlos, inclusive, concorre a mais uma mandato este ano. Agora, o ex-presidente procura emplacar mais um filho na política: Jair Renan Bolsonaro (PL), candidato a vereador em Balneário Camboriú (SC)
O 04 — apelido do filho mais novo de Bolsonaro — não é o único a carregar um sobrenome e histórico familiar de peso. Outros “nepo babies'” — termo em inglês que se origina da junção das palavras nepotism (nepotismo) e baby (filho) — se aproveitam da fama dos parentes mais conhecidos para tentar garantir cadeiras nas prefeituras e Câmaras de Vereadores ao redor do Brasil.
É o caso de Juliana Brizola (PDT), que se candidata pela segunda vez à prefeitura de Porto Alegre. O nome não permite dúvidas: a candidata é neta do ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, concorrendo pelo mesmo partido fundado por seu avô em 1979.
Em Cuiabá, capital do Mato Grosso, a candidata a vice na chapa de Lúdio Cabral (PT), Rafaela Fávaro (PSD), é filha do ministro da Agricultura e Pecuária e ex-governador do estado, Carlos Fávaro (PSD). Outra candidata a vice relacionada a um ministro do atual governo é Lúcia França (PSB). A ex-primeira dama do estado de São Paulo é esposa do ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França, e concorre na chapa de Tabata Amaral (PSB).
Também em São Paulo, Mario Covas Neto (PSDB) — que, na urna, irá ser chamado apenas de “Mario Covas” — é filho do ex-governador de São Paulo e ex-prefeito da capital, Mario Covas, que morreu em 2001. Covas Neto concorre por um terceiro mandato como vereador.
Os casos do Rio
O estado do Rio também coleciona candidatos “nepo babies”, por todas as regiões. No Norte fluminense, o atual prefeito e postulante à reeleição em Campos dos Goytacazes, Wladimir Garotinho (PP), ostenta um sobrenome que tem fortes raízes com o município. Anthony Garotinho (Republicanos), pai de Wladimir, já foi duas vezes prefeito da cidade, além de ser ex-governador do Rio de Janeiro.
Na Baixada, três candidatos a prefeito carregam nomes que podem os lançar para as chefias do Executivo municipais. Matheus do Waguinho (Republicanos) é sobrinho do atual prefeito de Belford Roxo, Waguinho (Republicanos). Matheus disputa a cadeira de seu tio, que já está no segundo mandato.
Já em Duque de Caxias, Netinho Reis (MDB) quer herdar o legado da família Reis na cidade. Netinho é sobrinho do ex-prefeito e atual Secretário Estadual de Transporte e Mobilidade Urbana, Washington Reis (MDB) — que, por sua vez, é sobrinho do atual prefeito e seu ex-vice, Wilson Reis.
Em Paracambi, Andrezinho Ceciliano (PT) é um dos favoritos a ocupar o lugar que já foi do pai há 15 anos. André Ceciliano (PT), pai de Andrezinho, foi prefeito de Paracambi por dois mandatos seguidos, além de já ter sido deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Andreia Zito (PV) concorre a um cargo no legislativo de Duque de Caxias pelo mesmo partido do pai, Zito (PV), que já foi prefeito da cidade e, nestas eleições, tenta seu quarto mandato.