O Hamas anunciou, nesta segunda-feira, que aceita os termos de um acordo de cessar-fogo com Israel na Faixa de Gaza, mediado por Catar, Egito e Estados Unidos. O anúncio foi feito horas após o Exército israelense ordenar a evacuação do sul da cidade de Rafah. O comunicado oficial não detalha quais termos o grupo palestino aceitou cumprir, apenas que a proposta teria tido participação do Egito e do Catar.
O braço político do grupo palestino enviou uma nova delegação ao Cairo neste sábado, após quase uma semana analisando os termos apresentados por negociadores egípcios na semana passada. O humor dos mediadores internacionais sobre as chances de acordo mudou ao longo dos dias, com a expectativa positiva inicial dando lugar ao pessimismo, após declarações do Hamas de que apenas um cessar-fogo permanente interessaria, e do governo israelense descartando o fim da operação militar neste momento.
Fontes do governo israelense afirmaram à veículos de imprensa internacional, neste sábado, que uma delegação diplomática seria enviada ao Egito apenas se os termos apresentados pelo Hamas, como contraproposta as demandas inicialmente costuradas pelos mediadores, apresentasse algum avanço sobre um possível acordo de reféns.
— Esperamos negociações difíceis e longas para um acordo real — disse uma fonte israelense ouvida pela AFP. — A indicação a um movimento positivo sobre um esboço seria enviarmos uma delegação liderada pelo chefe do Mossad para o Cairo.
De acordo com mediadores de Catar, Egito e EUA, as negociações evoluíram para um acordo, após Israel ceder em alguns pontos-chave, como a concordância em uma libertação dos reféns por fases. Os termos apresentados à primeira delegação do Hamas enviada ao Egito incluíam, segundo o ministro das Relações Exteriores britânico, David Cameron, um cessar-fogo de quarenta dias para a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos. A quantidade de reféns varia entre 22 e 33 — antes seriam 40, mas o grupo palestino afirmou não estar em posse desse número de prisioneiros.
O acordo chega em um momento em que a comunidade internacional e as organizações humanitárias levantam preocupação de um banho de sangue se Israel lançar uma ofensiva contra Rafah, no sul do enclave, onde se amontoam cerca de 1,2 milhão de deslocados — e onde as Forças Armadas israelenses dizem estar escondidos os últimos batalhões operacionais do Hamas.
As comunicações sobre uma invasão por terra de Rafah são conflitantes. O ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, afirmou, em entrevista ao Canal 12 de Israel, no sábado, que se houvesse acordo, a operação em Rafah seria suspensa. Na terça-feira, Benjamin Netanyahu afirmou que os militares vão entrar na cidade com ou sem acordo. O premier é alvo de pressões de aliados internos para manter uma postura linha-dura contra o Hamas, ao mesmo tempo em que é pressionado por aliados externos para desescalar o conflito.