“É gente, não deu, mas foi bonito”, disse Ana Estela Haddad, mulher do candidato à presidência Fernando Haddad (PT) segundo publicou a revsita Veja, quando Jair Bolsonaro (PSL) foi anunciado na TV como o presidente eleito do Brasil, na noite do último domingo (28).
“Foi bonito não, foi lindo”, emendou o candidato derrotado. Ao seu redor, cerca de 30 pessoas entre familiares e petistas como a ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-ministro José Eduardo Cardozo se aboletavam na suíte 1522 do hotel Pestana, em São Paulo. Lá, o seleto grupo acompanhava a apuração enquanto a militância assistia a apuração no lobby, entre goles de cerveja Brahma.
A derrota era tida como certa pela sigla e pelo próprio Haddad, mas não foi motivo de lamentação para o ex-prefeito. Ele sabia que sairia daquele hotel maior do que entrou, e mais, com chances de se tornar a grande liderança do PT no momento que seu maior expoente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está atrás das grades. “Precisamos ter uma referência além de Lula. Haddad é uma autocrítica escancarada do que o PT viveu tanto em 2006, com o mensalão, quanto na Lava Jato”, disse um cacique do partido.
O caminho do ex-prefeito não será fácil. Haddad já enfrentou resistência de nomes de peso como a presidente do PT nacional, a senadora Gleisi Hoffmann (PR), eleita este ano deputada federal, e do senador Lindbergh Farias (RJ), que não conseguiu se reeleger, para se lançar como o candidato que sucederia Lula na disputa presidencial de 2018. Também angariou inimizades nos seus quatro anos como prefeito de São Paulo (2013 – 2016) pela postura autônoma que adotou diante da sigla, chegando a ser apelidado de “Dilma de calças”, em referência à sua teimosia.
A prisão de Lula e a trajetória que seguiu para se cacifar como candidato à presidência, porém, o reconectaram ao PT. “Haddad foi muito aberto a todas as conversas. Muita gente que não gosta do PT votou nele. O partido tem que preservar essa liderança política”, afirmou Emídio de Souza, um dos coordenadores da campanha de Haddad que se elegeu deputado estadual em São Paulo. A primeira batalha será travada na próxima terça-feira (30), quando a executiva do PT se reunirá para traçar seus primeiros passos como oposição.
Em seu discurso, Haddad vestiu a imagem de líder da oposição destacando os mais de 45 milhões de votos que angariou no segundo turno da eleição. “Temos uma tarefa enorme no país que é, em nome da democracia, defender o pensamento e as liberdades desses 45 milhões de brasileiros que nos acompanharam até aqui”, afirmou. Enquanto o ex-prefeito falava, petistas antes críticos a ele, como o ex-ministro Luiz Dulci, o exaltavam. “Muito bom, ele é realmente muito bom”. Naquela tarde, o beija mão ao candidato também foi intenso. Na fila entraram Gleisi, o ex-presidente do PT Rui Falcão, e o ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli, entre outros.