Em entrevista para o programa Míriam Leitão, da GloboNews, nesta quarta-feira (21) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou a declaração do presidente Lula da Silva (PT) em que comparou a guerra Israel-Hamas, na Faixa de Gaza, ao Holocausto.
Para Haddad, cabe discutir “uma palavra ou outra do discurso”, embora ele considere a mensagem de Lula “pertinente”. A entrevista completa vai ao ar nesta noite, às 23h.
“Aquele grito… Pode ser discutida uma palavra ou outra do discurso do presidente, mas o grito de socorro do presidente, ele é pertinente. Não podemos ficar indiferentes ao que está acontecendo, que é muito grave (…) Eu não gostaria de sair da essência, que é buscar a solução para aquele problema, de preferência com dois Estados, como está previsto na resolução das Nações Unidas”, argumentou o ministro.
Haddad reforçou a defesa e reconhecimento pelo Brasil do Estado de Israel.
“O estado de Israel, que o Brasil defende, todos nós defendemos sua integridade, depois de tudo que o povo judeu viveu. Não tenho a menor dúvida que isso se revelou uma necessidade histórica incontornável, e do Estado palestino”, afirmou.
Contas públicas
Outro tema abordado por Haddad foi a meta de déficit fiscal zero, defendida por ele desde o ano passado, e que consta na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024. O assunto vem sendo discutido internamente nas esferas do governo desde o fim de 2023, com embates públicos entre a área econômica e a ala política do governo petista.
“Enquanto eu for ministro da Fazenda, eu vou perserverar nessa direção. Porque eu acredito que isso vá trazer muitos benefícios para o Brasil. Não tenho nenhuma dúvida do que precisa ser feito. Nós temos que continuar para ter a certeza que esse resultado virá”, disse o ministro.
“Se quem não paga imposto, passar a pagar, todo o paí vai pagar menos taxa de juros, que é a segunda maior do mundo”, emendou.
Nesse contexto, o governo publicou, no fim de dezembro, uma medida provisória (MP) com um conjunto de ações para zerar o déficit.
Entre as medidas previstas estão: a limitação das compensações tributárias, mudanças no Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), e a reoneração gradual da folha de pagamento. A MP gerou críticas de parlamentares e de setores produtivos.
Segundo o ministro da Fazenda, o governo está disposto a dialogar, mas o objetivo não mudou. Para tanto, Haddad voltou a criticar a política econômica do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Nós estávamos abertos a negociação, o Congresso estava aberto a negociação e todo mundo irmanado em torno do mesmo objetivo: arrumar as contas desogarnizadas pelo Bolsonaro. Bolsonaro implodiu as contas públicas no Brasil, implodiu o orçamento, implodiu precatórios, implodiu desoneração, implodiu combustíveis, implodiu auxílio. Foi uma festa em 2022 para tentar reverter aquele quadro eleitoral que lhe era desfavorável”, pontuou.