A presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Samira Castro, questionada no jornal A Tarde sobre a diferença entre atuar como jornalista e ser blogueiro, deu a seguinte explicação: “Muitas pessoas acabam confundindo isso por falta de informação. Exatamente o que eu mais tenho respondido quando os colegas me perguntam se os influenciadores digitais estão tomando nosso lugar no mercado é que eu não considero um influencer digital como um concorrente meu. Porque eu faço jornalismo, ele faz publicidade, ele faz marketing, ele faz a divulgação da parceria dele, sem muitas vezes a pessoa que está acessando aquele conteúdo distinguir que aquilo é pago, que ele está recebendo por isso. Nós trabalhamos com informação de interesse público. Ponto. Então, nós não estamos única e exclusivamente manifestando nossas opiniões”.
A sindicalista destaca que o jornalista até para manifestar opinião tem que estar embasado. “Ele não pode dizer qualquer coisa”, defende Samira, lembrando que vivemos uma época, no início dos anos 2000, do chamado jornalismo cidadão. “O que era? As empresas querendo baratear seus custos demitiam jornalistas. ‘Você, leitor, participe do nosso jornal, mande sua pauta, mande a sua notícia’. E muitas vezes saíam erros de informação grotescos, porque não tinha apuração. O cidadão comum não é obrigado a entender nem da técnica e nem da ética jornalística para produzir informação”, diz a jornalista.
A presidente da Fenaj recorda que muitas rádios que utilizavam esse sistema de monitorar o trânsito, colocavam os taxistas na época para ligar para a redação. “Diga de onde você está falando, tem congestionamento? E a gente ouvia muitos casos assim bárbaros de pessoas dizendo que tinha um acidente em um cruzamento que não era um cruzamento, eram vias paralelas. Então, tudo isso mostrou que esse jornalismo amador não tem espaço, porque as pessoas precisam de informação apurada, de informação checada, de informação contextualizada, e é esse o trabalho do jornalista”, enfatiza.