O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) destacou nesta quarta-feira (31) o aniversário do início da ditadura militar de 1964 no Brasil. Em publicação nas redes sociais, Mourão afirmou que 57 anos atrás foi impedido o avanço comunismo no País. “Neste dia, há 57 anos, a população brasileira, com apoio das Forças Armadas, impediu que o Movimento Comunista Internacional fincasse suas tenazes no Brasil. Força e Honra!”, escreveu Mourão em sua página oficial no Twitter.
Mais cedo, Mourão disse que as Forças Armadas atuam de acordo com o tripé de legalidade, legitimidade e estabilidade. Ele também negou que a troca dos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica fosse um “problema” e defendeu a escolha de substitutos de acordo com o critério de antiguidade. Os chefes das Forças foram demitidos ontem pelo presidente Jair Bolsonaro, que também dispensou Fernando Azevedo, agora ex-ministro da Defesa.
“As Forças Armadas atuam dentro de um tripé que é a legalidade, ou seja, atento à missão constitucional e aquelas que são dadas pelas leis complementares; dentro da legitimidade que as Forças Armadas têm, porque a nação há muito tempo decidiu que tinha que ter Forças Armadas; e sempre dentro da estabilidade, ou seja, dentro dos seus princípios e valores”, disse nesta manhã. “Então, não muda nada”, acrescentou em referência à demissão dos três chefes militares.
A mudança dos comandantes das três Forças ao mesmo e fora de um período de troca de governo foi inédita. As demissões ocorreram após a recusa dos comandantes e de Azevedo em politizar as Forças Armadas, algo cobrado pelo presidente Jair Bolsonaro, que deseja ter mais respaldo dos militares em suas posições.
A nova cúpula militar ainda não foi definida, mas ao contrário do que é defendido por Mourão, Bolsonaro pode quebrar a tradição de nomear o nome mais antigo para o comando do Exército. Nos bastidores, o comandante militar do Nordeste, Marco Antônio Freire Gomes, é cotado.
Ontem, o novo ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, publicou uma “Ordem do Dia Alusiva ao 31 de março de 1964″, em referência à data do golpe militar no País. A nota foi um dos seus primeiros atos como ministro nomeado da pasta. No texto, o ministro disse que “o movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil” e que os acontecimentos da data “devem ser compreendidos e celebrados”.
Na mensagem, o ministro citou que a Guerra Fria entre Estados Unidos e a então União Soviética envolveu a América Latina e trouxe “um cenário de inseguranças com grave instabilidade política, social e econômica” ao Brasil. Por isso, de acordo com o texto, coube às Forças Armadas “a responsabilidade de pacificar o País”. O período de governo dos militares durou até 1985 e foi marcado pelo fim das eleições diretas, o fechamento do Congresso e atos de censura.