O ELN, a última guerrilha reconhecida na Colômbia, anunciou um cessar-fogo de um mês em razão da pandemia de coronavírus, segundo comunicado divulgado nesta última segunda-feira (30) por vários senadores que promovem um processo de paz com esse grupo.
Os rebeldes disseram que suspenderão unilateralmente suas ações militares “de 1 a 30 de abril”, como “um gesto humanitário (…) com o povo colombiano, que está sofrendo a devastação” da COVID-19.
O Exército de Libertação Nacional (ELN) relembrou em sua declaração a convocação da ONU para um cessar-fogo nos conflitos mundiais e o pedido, “nessa mesma direção”, formulado por “organizações sociais e políticas da Colômbia”.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, recebeu “com beneplácito o anúncio” e exortou “outros grupos armados para que façam o mesmo”.
No entanto, o alto comissário da paz do governo, Miguel Ceballos, considerou insuficiente o anúncio da organização armada.
“Mal sabemos da decisão do ELN de cessar-fogo por um mês. Creio que o país espera muito mais que isso, estamos em um enorme desafio no qual milhares de pessoas podem morrer”, afirmou o funcionário em entrevista à W Radio.
Direito de defesa
Em seu pronunciamento, o ELN esclareceu que durante o cessar-fogo, no entanto, será reservado o “direito” de defesa dos “ataques” das forças estatais.
Da mesma forma, acrescentou a organização, responderá às gangues de narcotráfico com a quais disputa o controle de várias partes do país.
“Fizemos um apelo ao governo de Iván Duque para que ordene o aquartelamento de suas tropas e elimine a perseguição contra a população e o assassinato de líderes e ativistas sociais (…)”, disse o comunicado.
A guerrilha acompanhou o anúncio com uma enxurrada de críticas ao governo pela forma de lidar com a pandemia que, segundo o ELN, foi provocada por uma “cepa produzida artificialmente em um laboratório e implantada propositalmente por agentes dos Estados Unidos”.
Na Colômbia já são mais de 700 contágios, incluindo dez mortos, em meio à quarentena geral imposta pelo presidente junto ao fechamento de fronteiras e cancelamento de voos.
Além de anunciar a suspensão unilateral de suas ações, o ELN propôs ao governo retomar as conversas com sua delegação em Havana, para “organizar um cessar-fogo bilateral e temporário”.
Nesta segunda-feira, o comissário Ceballos insistiu que neste momento não há um “espaço de diálogo aberto” e que o cessar-fogo é “responsabilidade” apenas do ELN.
Em Havana, o chanceler cubano Bruno Rodríguez, saudou o “gesto humanitário do ELN de declarar um cessar-fogo unilateral” em resposta ao apelo do secretário-geral da ONU.