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sábado 15 de outubro de 2022 às 07:26h

Guerra nas redes contra Bolsonaro abre racha na campanha de Lula

ELEIÇÕES 2022, NOTÍCIAS


A guerra virtual entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) produziu um racha segundo Malu Gaspar, do O Globo, também na cúpula petista. Com o segundo turno da corrida eleitoral ganhando tração na internet, uma divergência que existe desde o início da campanha pelo controle das redes sociais do ex-presidente virou uma espécie de rebelião interna.

Uma ala da campanha questiona o domínio absoluto da mulher de Lula, Rosângela da Silva, a Janja, e do fotógrafo oficial do ex-presidente, Ricardo Stuckert, sobre o que é publicado nas redes sociais do ex-presidente.

Fazem parte da tropa de insatisfeitos o marqueteiro Sidônio Palmeira e parte da equipe de redes sociais, além do próprio coordenador de comunicação, Edinho Silva, e do deputado André Janones (Avante-MG),

Na reunião que abriu caminho para que Janones reforçasse o Facebook de Lula, como relatamos na última quarta-feira, Edinho Silva avaliou em tom de alerta que as redes sociais são o principal campo de batalha deste segundo turno e defendeu mudanças de estratégia.

O entendimento na cúpula é de que as redes sociais de Lula têm menos alcance e engajamento do que as de Bolsonaro, e isso se dá em parte pela gestão do conteúdo – muito centralizado nas mãos de Janja e Stuckert e com posts mais institucionais e com filtros.

“Hoje nenhum conteúdo das redes de Lula passa sem o aval do Stuckert”, critica um aliado do ex-presidente, sob reserva.

Quem defende as mudanças avalia que é necessário dinamizar e diversificar os materiais publicados nas plataformas, como Janones defendeu na sua primeira reunião com Lula.

A concentração das redes sob o comando de Janja e Stuckert tem incomodado aliados preocupados com a supremacia bolsonarista nas redes, com alto engajamento. O cálculo é que o PT não consegue reproduzir a espontaneidade das redes pró-Bolsonaro, cujo caráter orgânico e célere é tido como essencial para se multiplicar e, por consequência, furar a bolha.

Uma das pessoas que defende uma inflexão, e que não integra formalmente a campanha petista, resume: “Não queremos conflito. Mas Janja e Stuckert sozinhos não vão conseguir ampliar o engajamento apenas com imagens de artistas e fotos dignas de prêmios. O conteúdo para redes sociais pode e deve ser mais rústico e intimista. Não precisamos só desmentir as fake news, mas para furar a bolha”.

A equipe da coluna procurou Edinho Silva, coordenador de comunicação da campanha de Lula, mas não recebeu retorno até o fechamento da reportagem.

Em meio ao cabo de guerra, políticos aliados ao ex-presidente até lançaram, no início desta semana, uma espécie de “guia de regras” para estabelecer uma rede espontânea de seguidores do PT. Mais do que driblar a hegemonia sobre as redes, o documento traz uma discussão de segundo plano na campanha de Lula: a linguagem.

O manual é destinado a influenciadores e usuários comuns. A elaboração ficou por conta de Manuela D’Ávila (PCdoB), vice de Fernando Haddad em 2018, do deputado federal eleito Guilherme Boulos (PSOL-SP) e do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Ao longo de 17 páginas, o “Guia prático para eleger Lula”, distribuído no formato PDF, dá instruções objetivas quanto a diferentes frentes de atuação nas redes – como, por exemplo, virar votos, defender o legado dos governos do PT e desmentir fake news, bem como estimular influenciadores e “micro influenciadores” a trabalharem pela eleição de Lula.

Há até mesmo a orientação para manter a paciência com conhecidos que não decidiram o voto e estabelecer metas de votos virados por dia.

O documento também oferece argumentos para desmentir fake news com grande circulação, como a de que Lula fechará igrejas e implementará banheiros unissex. Não há, porém, instruções para um importante calcanhar-de-aquiles para o PT constantemente explorado por Bolsonaro: a corrupção.

Entre as sugestões voltadas para o conteúdo estão a publicação de conteúdos pró-Lula nos stories do WhatsApp, que é mais visualizado do que os do Instagram, priorizar propostas de Lula em detrimento de críticas a Bolsonaro para driblar os algoritmos das plataformas, evitar palavras “carimbadas” e distantes do cotidiano, como genocida, fascista e misógino.

As propostas são endossadas por críticos à estratégia atual, que veem na iniciativa mais uma frente para ampliar o engajamento orgânico de Lula. Mas, para estes aliados, uma coisa é certa: a duas semanas do segundo turno, cada dia é valioso para virar a mesa no mundo digital.

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