Um guarda municipal foi flagrado ao dar um tapa no rosto de um homem em Salvador. De acordo com pessoas que estavam no local, no bairro histórico do Santo Antônio Além do Carmo, a vítima era um vendedor ambulante que teve a mercadoria apreendida na noite de quinta-feira (28).
“É um sentimento de impotência muito grande, mediante a quem deveria ser a nossa segurança”, desabafou o vendedor de drinks com frutas, Raul Neto.
Em nota, a Guarda Civil Municipal (GCM) informou que a abordagem ocorreu durante uma fiscalização da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), que apreendeu itens de vendedores ambulantes não cadastrados – dentre eles, os materiais de Raul Neto.
Posteriormente, em novo comunicado, a GCM disse que afastou os agentes envolvidos do serviço operacional. Embora apenas um servidor seja visto agredindo o homem, mais dois profissionais participaram da ação.
“Como é de praxe no que se refere a situações como a flagrada no vídeo divulgado, os agentes foram afastados do serviço operacional, passando a cumprir sua escala de serviço desempenhando atividades de natureza administrativas durante o curso do processo”, diz o texto.
O caso foi levado à Corregedoria da instituição.
Na gravação, é possível ver que o vendedor foi colocado contra a parede de uma das casas do bairro e cercado por guardas municipais. Ele chorou enquanto viu o material sendo apreendido e repetiu diversas vezes que era trabalhador.
“Eu não sou vagabundo, não, eu não sou ladrão, não!”, gritou o vendedor após receber o tapa.
Durante a abordagem, um dos agentes deu um tapa no rosto do vendedor. O momento foi filmado por uma das pessoas que estava no local e acompanhou toda a ação.
Relato
Em entrevista à TV Bahia nesta sexta-feira (29), o vendedor ambulante contou que a ação já começou truculenta. Ele assumiu que não tem a licença exigida para vender no local, mas afirmou que em nenhum momento os guardas perguntaram sobre a autorização.
“”No momento da abordagem, eles já vieram retirando tudo. Eles jogaram as frutas no chão e pisaram, danificaram minha mesa que eu tinha comprado há um dia, disseram que eu estava armado porque estava com a faca que uso para cortar as frutas”, disse.
Raul ainda contou que não levou apenas um tapa no rosto, como mostra o vídeo, mas sim três.
“Ele deu o primeiro tapa e eu questionei, não tenho motivo para estar apanhando. Ele me deu outro tapa e depois pegou o taser [arme de eletrochoque] e ficou me ameaçando. Ele disparava o taser longe e encostava no meu corpo”, contou.
Por meio de nota, a Guarda Municipal ainda informou que tomou conhecimento da situação e que não compactua com nenhuma ação que ultrapasse os princípios legais. O órgão detalhou que as imagens serão encaminhadas para a Corregedoria, para que as devidas apurações sejam realizadas.
Segundo o vendedor, após a ação ele não foi encaminhado para nenhum local, recebeu apenas uma ficha para recolher o material apreendido.
O vendedor garantiu que vai registrar o caso em delegacia, além de ter procurado a Corregedoria da Guarda. Segundo a advogada de Raul Neto, Rafaela Dias, o caso pode ser enquadrado como lesão corporal, injúria ou até mesmo abuso de poder.