Ratificado como presidente do Parlamento da Venezuela, o líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, convocou assembleias de cidadãos e protestos na tentativa de recuperar o apoio perdido nos últimos meses e tirar do poder o presidente Nicolás Maduro.
As assembleias programadas para o início da noite serão realizadas no leste de Caracas. Estão previstas para as 18h locais (19h de Brasília), como parte das “atividades de rua”, convocadas para quinta e sexta-feira (9 e 10).
Também estão previstos um protesto no sábado (11) e uma manifestação em direção ao Palácio Legislativo, no centro de Caracas, na próxima terça-feira (14).
No entanto, o deputado opositor Juan Pablo Guanipa, eleito por legisladores aliados como primeiro vice-presidente do Parlamento, anunciou nesta quinta uma agenda de rua para esta semana que inclui “assembleias, cabildos abertos, percursos, (visitas) casa a casa” em todo o país.
“A ditadura tentará responder e devemos nos levantar”, escreveu no Twitter o líder parlamentar momentos depois de ser empossado na terça-feira como “presidente encarregado” da Venezuela à frente do Parlamento.
Guaidó tenta avivar novamente os ânimos da oposição, após ter fracassado nas tentativas de reeditar nos últimos meses os protestos multitudinários do começo de 2019.
Ele foi reeleito no domingo chefe parlamentar com os votos de 100 deputados da oposição nas instalações de um jornal. O deputado rival Luis Parra foi escolhido presidente da Câmara com o apoio do governo.
No ano passado, no mesmo cargo, Guaidó reivindicou a Presidência interina da Venezuela perante uma multidão, e foi reconhecido por meia centena de países, depois que a maioria opositora no Parlamento declarou Maduro como um usurpador por se eleger de maneira fraudulenta.
O dirigente opositor tem insistido desde então na ofensiva contra o presidente socialista com vistas a um governo de transição que convoque eleições presidenciais.
Após fracassar em suas tentativas de depor Maduro em 2019, assegurando ter tentado de tudo, a popularidade de Guaidó caiu de 63% em janeiro a 38,9% em dezembro, segundo o instituto de pesquisas Datanálisis.
“Transição negociada”
O Grupo Internacional de Contato sobre a Venezuela, formado por países europeus e latino-americanos, somou-se nesta quinta-feira a Estados Unidos, União Europeia e aliados regionais, reiterando seu apoio a Guaidó e assegurando que a eleição de Parra “não pode ser considerada legítima”.
Enquanto isso, em uma demonstração de abertura diplomática, Washington – principal aliado internacional de Guaidó – exortou nesta quinta-feira o estabelecimento de “uma rápida transição negociada para a democracia” no país caribenho, que permita organizar novas eleições e, assim, pôr um fim à crise política.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, pediu a realização tanto de eleições presidenciais quanto legislativas antes do fim do ano.
Mais cedo, o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, denunciou que a administração de Donald Trump buscou o apoio internacional para intervir nas próximas eleições legislativas.
Enquanto isso, o governo socialista promete eleições legislativas ainda este ano, prevendo uma vitória.
“Este ano vai haver eleições da Assembleia Nacional”, reafirmou na quarta-feira, em coletiva de imprensa, o número dois do chavismo, Diosdado Cabello, que preside a governista Assembleia Constituinte, que rege o país com poderes absolutos.