Autoridades europeias e latino-americanas se reunirão nesta quinta-feira em Montevidéu para debater um plano para solucionar a crise que se aprofunda na Venezuela, mas passarão ao largo de uma possível intervenção direta.
O grupo apoiado pela União Europeia, conhecido como Grupo de Contato Internacional para a Venezuela (ICG), fará sua primeira reunião nesta quinta-feira optando por uma abordagem mais sutil, que contraria os clamores dos Estados Unidos e de algumas potências latino-americanas por mais intervenção.
O encontro na capital uruguaia ocorre na esteira de uma reunião separada no Canadá do Grupo de Lima, que é mais incisivo e pediu uma ação internacional contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para forçá-lo a renunciar.
O colapso da Venezuela sob Maduro vem obrigando nações de todo o mundo a se posicionarem, particularmente depois que o líder opositor Juan Guaidó se declarou presidente interino no mês passado. O país está mergulhado na pobreza e cerca de 3 milhões de pessoas fugiram para o exterior.
Grandes nações da UE fizeram coro a EUA, Canadá e um grupo de países latino-americanos, incluindo o Brasil, reconhecendo Guaidó como governante interino legítimo da nação sul-americana.
No entanto, outros países continuam relutando para se envolver diretamente, inclusive participantes do encontro do ICG em Montevidéu.
Na véspera da reunião de quarta-feira, México, Uruguai e países caribenhos apresentaram um plano para a Venezuela intitulado “Mecanismo de Montevidéu”.
“Isto se baseia na boa fé, segundo a qual não intervimos a não ser com diálogo, negociação, comunicação e disposição para contribuir”, disse o ministro das Relações Exteriores mexicano, Marcelo Ebrard, a repórteres em Montevidéu, ecoando comentários feitos no início da semana.
O México já foi um crítico explícito de Maduro, mas os laços com Caracas melhoraram após a eleição do presidente de esquerda Andrés Manuel López Obrador, que convidou Maduro para sua posse no mês passado.
Maduro, que mantém o controle do Estado, acusa Guaidó de ser uma marionete dos EUA que tenta fomentar um golpe contra ele. Maduro é apoiado pela China e pela Rússia, enquanto na Europa a Eslováquia e a Itália desafiaram as ações coordenadas da UE e a postura de Washington.
Alinhadas à ICG estão a UE e vários países-membros do bloco, como França, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia e Reino Unido. Os integrantes latino-americanos incluem Bolívia, Costa Rica, Equador, México e o anfitrião Uruguai.