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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad — Foto: Diogo Zacarias/MF
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quarta-feira 22 de novembro de 2023 às 06:40h

Greve do Carf ameaça meta de arrecadação de Haddad

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O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) suspendeu a reunião prevista para esta última terça-feira (21) por falta de quórum em nove turmas do colegiado.

O cancelamento ocorreu segundo a coluna de Malu Gaspar, do O Globo, em função da greve dos conselheiros da Fazenda Nacional, que integram o colegiado, e coloca em risco a meta de arrecadação do governo Lula para sustentar o déficit zero em 2024 a pouco mais de um mês para o fim do ano.

A suspensão das atividades foi assinada pelo presidente do conselho, Carlos Higino, e afeta diferentes câmaras de turmas ordinárias e extraordinárias.

A paralisação do Carf é mais um obstáculo para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atingir a meta de obter déficit zero nas contas públicas, depois de um embate no governo para manter a proposta na Lei de Diretrizes Orçamentárias enviada ao Congresso.

Segundo a proposta orçamentária, a União precisa arrecadar R$ 168 bilhões a mais do que em 2023 para chegar ao déficit zero. Para isso, a Fazenda encaminhou aos parlamentares uma série de projetos para ampliar a arrecadação do governo.

Uma delas, aprovada em agosto, foi a retomada do chamado voto de qualidade do Carf, que deu ao governo o voto de desempate nas disputas com os contribuintes. A retomada de processos represados – em sua maioria envolvendo grandes empresas e cifras bilionárias – garantiria à União R$ 54,7 bilhões, segundo a proposta orçamentária encaminhada ao Congresso.

O valor ainda poderia chegar a R$ 97,8 bilhões, considerando transações tributárias e renegociações de dívidas no âmbito do conselho e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

Mas, para chegar ao valor pretendido, é preciso que o Carf julgue os casos mapeados pelo governo até dezembro. Até meados de outubro, porém, o voto de qualidade só tinha rendido R$ 12 bilhões a mais.

A greve entre os servidores da Fazenda Nacional adia as discussões sobre os processos e atrapalha os planos de Lula e Haddad – sem nenhuma surpresa para especialistas em direito tributário, que, como publicamos em setembro, encaravam a meta de arrecadação do governo no Carf com muito ceticismo.

Por ora, Haddad venceu a disputa interna travada com alas que defendiam a revisão do déficit zero, lideradas pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa.

No entanto, como o governo não encaminhou ao Congresso uma emenda modificativa até o prazo máximo, no último dia 16, se houver um abandono da meta fiscal – cada vez mais provável – só ocorrerá em março do próximo ano.

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