Segundo projeções do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas, a greve dos caminhoneiros vai provocar recuo de cerca de 0,3% na previsão inicial de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, que seria de 2,3%.
De imediato, os setores que divulgaram os seus números exibem perdas estimadas entre R$ 75 bilhões e R$ 100 bilhões, com a fatura mais pesada lançada sobre o agronegócio, o mesmo que protagonizou o maior impacto positivo sobre o PIB de 2017.
O dado da FGV parece ser corroborado pelo mercado: a expectativa de alta para o PIB este ano foi de 2,37% para 2,18% no Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira (4).
O agronegócio acabou sendo o mais afetado porque sofreu quebra da cadeia produtiva. Entre os impactos do bloqueio das estradas, 100 milhões de aves foram mortas, 120 mil toneladas de carne de frango e suína deixaram de ser exportadas, 300 milhões de litros de leite acabaram descartados e 98% das plantas de produção de carne do país tiveram as atividades interrompidas. Ato contínuo, o agronegócio foi abatido em algo próximo a R$ 14 bilhões.
O Brasil, dependente do modal rodoviário, parou.
O setor têxtil estima baixas de R$ 1,8 bilhão e na indústria automobilística quase todas as fábricas interromperam a produção.
A Confederação Nacional de Dirigentes Logistas (CNDL) calcula prejuízo de 27 bilhões de reais; com a interrupção de obras, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), avalia perdas de R$ 2,9 bilhões; e com a paralisação da movimentação econômica, o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) estimou em R$ 32,5 bilhões o impacto negativo dos nove dias da crise dos combustíveis para a economia nacional.
União, estados e municípios – que enfrentam dramático desequilíbrio fiscal – deixaram de arrecadar R$ 4,7 bilhões: a arrecadação tributária sobre gasolina, diesel e álcool representa 5% da arrecadação total do país.
Por Bertha Maakaroun