Os candidatos à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) foram questionados sobre o tema educação, neste último domingo (16), durante o debate promovido pela TV Bandeirantes. A pergunta tratava segundo o jornal O Globo sobre como resolver a defasagem educacional agravada pela pandemia. A resposta do atual mandatário repercutiu nas redes sociais. Bolsonaro sugeriu o uso de um aplicativo para alfabetização das crianças, chamado GraphoGame.
— A garotada ficou dois anos em casa, eu fui contra isso. Nós já estamos fazendo, o nosso ministro da Educação tem um aplicativo que está há um ano em vigor. Chama-se GraphoGame. […] No tempo do Lula, a garotada levava três anos pra ser alfabetizada. Agora, no nosso governo, leva seis meses — afirmou Bolsonaro.
O GraphoGame foi lançado pelo Ministério da Educação (MEC) em novembro de 2020. Na ocasião, o então ministro Milton Ribeiro afirmou que o aplicativo visava auxiliar o professor na tarefa de alfabetização, não substituí-lo.
GraphoGame foi lançado pelo Ministério da Educação (MEC) em novembro de 2020 — Foto: Reprodução
O app funciona como uma ferramenta para auxiliar as crianças a assimilarem o som às letras e sílabas escritas. “O jogo é especialmente eficaz para crianças que estão aprendendo as relações entre letras e sons. Tudo isso sem anúncios e totalmente off-line!”, diz o site do aplicativo.
O GraphoGame foi desenvolvido por uma universidade da Finlândia e servia, inicialmente, para ajudar crianças com dislexia. Depois ele foi adaptado para auxiliar na alfabetização de estudantes com idades entre 4 e 9 anos. O conteúdo do app foi adaptado para o português antes de ser lançado no Brasil.
Especialistas em educação criticaram a proposta de Bolsonaro. Daniel Cara, professor e pesquisador na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), classificou o aplicativo como “picaretagem e irresponsabilidade”.
Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, ressaltou que o aplicativo não serve para alfabetizar uma criança.
Em sua vez de responder, Lula afirmou que vai chamar governadores e prefeitos para tratar do tema.
— O governo federal vai compartilhar com governadores e prefeitos a responsabilidade de recuperar essas aulas, para que esses alunos possam aprender mais. Nós vamos ter que fazer um verdadeiro mutirão. Convidar professores, quem sabe, trabalhar no domingo, quem sabe, trabalhar no sábado para que a gente possa fazer com que essa meninada consiga aprender o que deixaram de aprender na pandemia — disse o ex-presidente.