O governo federal, por meio da Secretaria de Economia Criativa e Fomento Cultural, publicou um edital segundo reportagem de Leonardo Almeida e Mauricio Leiro, do Bahia Notícias, para a reforma do Palacete Goés Calmon, que é sede da Academia de Letras da Bahia (ALB), na Avenida Joana Angélica. O documento corresponde a primeira etapa, recebendo o projeto da restauração do espaço. O valor para a elaboração do “plano de conservação” é de R$ 972.325,55 e deve ser entregue até o dia 31 de dezembro deste ano.
No edital, o governo federal afirma que o projeto pretende, de forma emergencial, reforçar e restaurar a segurança de portas e janelas do Palacete. A medida ocorre após a sede da ALB ser invadida, roubada e vandalizada em diversas oportunidades. A última noticiada ocorreu em abril deste ano, quando um grupo de homens roubou equipamento da entidade, deixando um prejuízo de R$ 10 mil.
“Projeto que visa contribuir com a conservação patrimonial do Palacete Góes Calmon, através de intervenções emergenciais inadiáveis de restauro e reforço do da segurança das portas, janelas e esquadrias do imóvel, que vêm sofrendo danos por ação de intempéries e tempo, por ação de organismos xilófagos e por ação humana”, descreveu o governo.
A Secretaria de Economia Criativa e Fomento Cultural também afirmou que adotará medidas socioeducativas para ressaltar a importância histórica do Palacete. Além disso, a pasta se comprometeu a realizar visitas ao local.
“Como ação de educação patrimonial, faremos a publicação de um livro sobre a história do Palacete e agendamentos de visitações ao local. O Palacete foi a primeira sede do Museu de Artes da Bahia e há 40 anos é sede da Academia de Letras da Bahia, abrigando um significativo acervo histórico, artístico e literário”, ressaltou a secretaria.
Tombamento e história
O primeiro dono com documentações encontradas da edificação foi Inocêncio Marques de Araújo Goés Júnior (1839-1897), filho do “Barão de Araújo Goés” (1811-1897), que foi deputado e presidente da Câmara entre 1872 e 1875. Não há datação sobre a construção, mas se sabe que o arquiteto responsável pelo projeto foi o italiano Júlio Conti, autor do plano do Palácio do Rio Branco, e construído por Pedro Velloso Gordilho.
Depois, em 1897, o Palacete foi transferido para o sobrinho de Inocêncio, o ex-governador da Bahia entre 1924 e 1928, Francisco Góis Calmon (1874-1932). Ele foi autor de diversas reformas no local, ampliando a edificação em mais pavilhões.
Góis Calmon, que deu nome ao Palacete, era também um colecionador. O ex-governador incorporou peças originárias de igrejas e residenciais coloniais. Segundo o arquiteto Paulo Ormindo, em seu artigo sobre o edifício, há obras datadas do século 17.
Após a morte de Góis Calmon em 1932, o Palacete ficou com poucos moradores, sendo posteriormente adquirido pelo Estado em 1943. Três anos depois, foi inaugurada a Pinacoteca e o Museu do Estado.
Aos poucos, o prédio foi sendo abandonado, passando por uma nova reforma em 1960. Até que em 1983, passou a ser a sede da ABL.
Em junho de 2021, a prefeitura de Salvador por meio da Fundação Gregório de Mattos (FGM), realizou a abertura do tombamento do Palacete Góes Calmon. Na cerimônia, a edificação também recebeu o título de tombamento provisório.
O espaço também é um imóvel tombado provisoriamente pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), unidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult).