domingo 22 de dezembro de 2024
Foto: Divulgação
Home / NOTÍCIAS / Governo realiza formação popular sobre patrimônio genético e conhecimento tradicional
sábado 27 de janeiro de 2024 às 16:57h

Governo realiza formação popular sobre patrimônio genético e conhecimento tradicional

NOTÍCIAS


As ministras do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, participaram do encerramento do processo nacional de formação e construção de dossiê popular sobre o acesso ao patrimônio genético e repartição de benefícios. A cerimônia aconteceu em Brasília, na última quinta-feira (25), antes da ministra Sonia ter um mal-estar.

A formação popular em acesso e repartição de benefícios teve cinco oficinas regionais, cada uma para cerca de 70 representantes de povos e comunidades tradicionais, povos indígenas e agricultores familiares. O processo educativo buscou reforçar os direitos desses grupos, a proteção de seus saberes e promover desenvolvimento sustentável.

“Quando os europeus chegaram aqui, trataram os indígenas como se fossem o rio, a árvore, o pedaço de pau, o peixe. E não como se fossem civilizações portadoras de uma cultura, de uma forma científica de estar no mundo”, afirmou Marina Silva. “Neste momento, estamos fazendo o resgate de nós mesmos”.

O resgate, completou a ministra, não se resume a povos indígenas e comunidades tradicionais, responsáveis por proteger grande parte do patrimônio genético brasileiro em seus territórios. “É o resgate dos brancos, da nossa humanidade, do respeito em nós”, discursou. “Se formos capazes de fazê-lo, nunca mais pretos, indígenas e pessoas que têm singularidades serão tratadas como se fossem ninguém.”

Projetos de bioeconomia que beneficiem tais grupos, destacou Marina, podem recorrer a mecanismos como o Fundo Amazônia e o Fundo Clima.

O Fundo Amazônia foi retomado em 2023 após quatro anos de paralisação com cerca de R$ 4 bilhões em caixa. Desde então, as novas doações anunciadas somam R$ 3,9 bilhões. O Fundo Clima foi relançado em agosto, com aporte de R$ 10,4 bilhões na modalidade reembolsável, gerida pelo BNDES.

“O Brasil, como um dos países mais biodiversos do planeta, deve liderar o reconhecimento de que essa riqueza é possível graças aos povos indígenas e à proteção de nossos territórios”, afirmou a ministra Sonia Guajajara. “É vital que os ganhos com a manipulação genética, aprimorada pela nossa ciência ancestral, sejam revertidos na conservação de nossos territórios e no bem-estar de nossos povos.”

O processo de formação foi realizado por projeto do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês) executado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A coordenação técnica é do MMA.

“Os temas de biodiversidade, patrimônio genético e direitos são fundamentais para garantir a gerações presentes e futuras os usufrutos da sociobiodiversidade brasileira”, afirmou Claudio Providas, representante do PNUD no Brasil.

As oficinas abordaram a Lei da Biodiversidade, de maio de 2015, que reconhece o papel de destaque dos povos indígenas, povos e comunidades tradicionais, agricultores familiares. Entre outros pontos, a legislação garantiu o direito desses grupos a voto no Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, criou o Fundo Nacional de Repartição de Benefícios e trouxe reconhecimento legal aos Protocolos Comunitários Bioculturais.

O processo de formação tratou também de temas como o Decreto nº 8.722, de 2016, que regulamenta a Lei da Biodiversidade, e dos principais instrumentos de proteção dos conhecimentos tradicionais e controle social do sistema de acesso e repartição de benefícios no país.

“Nossos saberes nos garantem condições de reproduzir os nossos modos de vida, nossa organização social e nossos costumes”, afirmou Sonia. “São os conhecimentos tradicionais, na especificidade de cada povo, que nos fazem ser e continuarmos sendo indígenas.”

As ministras receberam durante a cerimônia o Dossiê Popular sobre o Acesso ao Patrimônio Genético, Acesso e Proteção ao Conhecimento Tradicional Associado e a Repartição de Benefícios. Após a mesa de abertura, houve oficina para representantes da sociedade civil debaterem estratégias e políticas públicas sobre o tema.

“A necessidade de garantir a participação da sociedade civil nos processos de construção de políticas públicas e legislações é fundamental para que conceitos erróneos e tutelares não continuem a se reverberar em mecanismos institucionais governamentais”, afirmou Cristiane Julião Pankararu, representante política da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil.

Veja também

Prefeito reeleito de Belo Horizonte continua internado, mas deve ter alta de UTI neste domingo

O prefeito reeleito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), segue internado e deve ter alta …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!