Articuladores políticos do presidente Lula da Silva (PT) estão encarregados de costurar a entrada do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no governo. No sábado (1º), data em que o parlamentar deixou o comando do Congresso, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), avisou Pacheco segundo Jeniffer Gularte e Sérgio Roxo, do O Globo, que gostaria de conversar com ele nos próximos dias sobre espaços na Esplanada dos Ministérios.
Aliados do agora ex-presidente do Senado tem expectativa de que definições sobre qual pasta o parlamentar irá ocupar podem ocorrer até sexta-feira, período em Pacheco ainda estará em Brasília. A partir da próxima semana, o senador vai tirar 15 dias de férias, somados ao feriado de Carnaval.
— Quero conversar com ele para saber qual é a vontade dele. Tem muita gente falando coisa dele e não sei qual a vontade dele. Todo mundo arrisca dizer arrisca dizer que o sonho dele seria ir para o Supremo, mas nunca ouvi isso literalmente — disse Wagner.
Interlocutores de Pacheco afirmam que há pelo menos três meses Lula vem repetindo, em conversas privadas com o senador, que gostaria que ele fizesse parte do governo.
Ainda que Lula não tenha indicado qual seria esse espaço, a expectativa também replicada por líderes do governo e ministros palacianos.
O espaço mais citado reservadamente é o Ministério de Indústria e Comércio, atualmente ocupado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. A ala do governo que é entusiasta da ideia aponta que o parlamentar poderia ser uma ponte entre Lula e o empresariado mineiro, que atualmente orbita em torno do governador Romeu Zema (Novo). O nome de Pacheco também é lembrado para os ministérios da Justiça e Ciência e Tecnologia.
Lula vem refletindo nas últimas semanas sobre troca ministerial com foco em acordos para eleições de 2026, em azeitar relação com Congresso e melhora na popularidade.
Articuladores do presidente devem usar esta semana para preparar terreno junto a Pacheco. Já interlocutores do parlamentar confirmam que há um movimento em curso para ele ir para o governo, mas que o senador aguarda convite vindo de Lula para então avaliar se irá aceitá-lo.
Devem pesar nesse cálculo se a eventual entrada de Pacheco será um movimento partidário, de aproximação com PSD, ou uma escolha de cota pessoal de Lula, além dos compromissos que o presidente pedirá ao senador se formalizar o convite para integrar o governo.
Na última quinta-feira, Lula defendeu nome de Pacheco para concorrer ao governo de Minas Gerais em 2026. Segundo maior colégio eleitoral do país, o presidente deseja ter o senador como palanque eleitoral no próximo ano:
— O que eu quero é que o Pacheco seja governador de Minas Gerais — afirmou Lula a jornalistas.
Auxiliares de Lula tentam atrelar o ingresso de Pacheco no governo ao compromisso de ele concorrer ao governo de Minas. Aliados do senador, no entanto consideram improvável que o parlamentar vá chancelar esse compromisso com tanta antecedência do pleito.
Além de não demonstrar claro apetite para disputar o Palácio Tiradentes, Pacheco não tem perfil de antecipar movimentos políticos, e indica a pessoas próximas que irá esperar o cenário político e econômico do ano que vem para definir se irá ou não disputar a eleição.