O governo socialista de Nicolás Maduro rejeitou nesta última terça-feira (31) a proposta dos Estados Unidos de que o presidente e o líder opositor Juan Guaidó se afastem do poder para celebrar novas eleições presidenciais na Venezuela, chamando-a de “aberração”.
“A Venezuela é um país livre, soberano, independente e democrático que não aceita, nem aceitará jamais tutela alguma de nenhum governo estrangeiro”, destacou um comunicado divulgado pelo chanceler Jorge Arreaza.
“A política dos Estados Unidos para a Venezuela extraviou seu rumo (…), transita da extorsão e ameaça funcionários do governo boliviano, incluindo recompensas por sua captura, até a apresentação de uma aberração de acordo para a instalação de seu suposto governo de transição inconstitucional”, acrescenta o documento.
Mais cedo, o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, exortou Maduro e Guaidó a se afastarem para organizar um “governo de transição”, que convoque eleições presidenciais.
“Nicolás Maduro deve sair”, disse Pompeo, ratificando seu apoio ao líder opositor, a quem a Casa Branca reconhece como presidente encarregado da Venezuela, juntamente com outros 50 países.
Guaidó pediu que Maduro aceite a proposta dos Estados Unidos, cuja justiça indiciou na quinta-feira por “narcoterrorismo” o governante chavista e ofereceu 15 milhões de dólares por informações que ajudem em sua captura.
“Que o usurpador assuma sua responsabilidade e aceite a oferta que lhe fez a comunidade internacional”, escreveu Guaidó em sua conta no Twitter.
O governo da Colômbia anunciou, através de sua chancelaria, o apoio ao plano americano que “está em linha com as propostas e projetos do Grupo de Lima apresentados no último ano” para “uma solução política, pacífica e liderada pelos proponentes venezuelanos (…) como única forma de resolver a grave crise multidimensional que o país atravessa”.
A oposição venezuelana acusa Maduro de ter sido reeleito de forma fraudulenta em 2018 e o considera um “usurpador” do poder.
Guaidó disse ter se comunicado com Pompeo para “agradecer o apoio” à “formação de um governo de emergência” para resolver a crise. “Estamos dando os passos certos”, afirmou.
Em setembro passado, em negociações frustradas com Maduro, Guaidó propôs criar um “conselho de governo de transição”. A iniciativa “implicaria na saída imediata de Maduro e meu afastamento do cargo até uma eleição presidencial real, verificável”, destacou, então, o líder opositor.
No domingo, Guaidó propôs “um governo de emergência” diante da pandemia do novo coronavírus, com 135 casos e três mortes na Venezuela.
No entanto, é “a administração Trump que deve se afastar”, manifestou o comunicado oficial difundido por Arreaza, ao pedir a suspensão das sanções financeiras de Washington contra o país caribenho e sua indústria petroleira.
Guaidó foi convocado pela Procuradoria venezuelana na quinta-feira por uma investigação de um suposto plano de “golpe de Estado” e “magnicídio”, informou nesta terça o procurador-geral, Tarek William Saab.
Os Estados Unidos advertiram que prendê-lo seria o “último erro” de Maduro.