Os negociadores do presidente Lula da Silva (PT) irão segundo a colunista Malu Gaspar, do O Globo, para a primeira reunião bilateral sobre as taxas impostas pelo governo Donald Trump ao aço e ao alumínio brasileiros, na manhã desta sexta-feira (14), sem propostas concretas de contrapartida para tentar demover os americanos da sobretaxa. A ideia, de acordo com integrantes da equipe, é “mais ouvir do que falar”. Nos bastidores, porém, os assessores dos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e da Fazenda já avançaram em algumas alternativas de retaliação aos Estados Unidos.
Além de eventuais cenários em que se poderia recorrer à retaliação, os técnicos estão calculando o impacto potencial dessas iniciativas por setor e produto no Brasil e no exterior.
Enquanto isso, um outro time, o jurídico, avalia se é possível adotar retaliações por decreto presidencial, sem ter que aprovar um projeto de lei no Congresso. O ideal para o governo seria não ter que enfrentar uma disputa com os bolsonaristas em torno desse tema no Legislativo, mas ainda não está claro se é possível retaliar sem aprovação do legislativo e em que circunstâncias.
De todo modo, nada deve acontecer antes do dia 2 de abril, prazo auto imposto pelo governo Lula para tentar encontrar uma solução. É nessa data que passam a valer as chamadas tarifas recíprocas, específicas para cada país e produto. As tarifas que entraram em vigor nesta semana, como a do aço e do alumínio, são uniformes para todos os países.
Na primeira conversa com o grupo coordenado pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, prometeu tentar convencer o presidente Trump a suspender a cobrança das taxas do aço e do alumínio brasileiros até o dia 2 de abril. Não conseguiu.
A avaliação no governo é de que se até lá não for possível negociar e eles impuserem mesmo tarifas adicionais, será preciso alguma medida de reciprocidade do Brasil.
Todas essas possibilidades ainda devem ser apresentadas ao presidente Lula nos próximos dias. Só então a estratégia brasileira vai ficar mais clara.