Pendente de aprovação pelo Congresso brasileiro, a entrada da Bolívia no Mercosul pode estar próxima, diante de uma negociação que envolve o governo Lula e um deputado federal alinhado ao bolsonarismo: Celso Russomanno (Republicanos-SP). Vice-presidente do Parlamento do Mercosul, é ele quem acompanha as tratativas e faz a ponte sobre o assunto entre o Executivo e o Legislativo.
À Coluna, Russomanno afirmou que mantém conversas com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para que as duas Casas votem a entrada da Bolívia no Mercosul. “Só falta votar em plenário. Conversei com o presidente Lula e com o presidente da Bolívia [Luis Arce] e disse que meu compromisso é votar até agosto”, afirmou o ex-vice-líder do governo Jair Bolsonaro na Câmara.
A conversa de Russomanno com Lula e Arce aconteceu na cúpula do Mercosul, ocorrida no início de julho em Puerto Iguazú, na Argentina. O parlamentar foi ao evento como vice-presidente do Parlamento do bloco.
Durante o fórum, Lula prometeu se envolver pessoalmente nas tratativas para aprovar a entrada da Bolívia no Mercosul, cuja expansão é de interesse do governo brasileiro. Ao assumir a presidência pro tempore do bloco, Lula defendeu que incluir a Bolívia ao Mercosul, algo negociado desde 2006, é uma “urgência”.
Russomanno concorda com o petista. “É muito mais fácil negociar com o mundo em bloco”, avaliou o parlamentar em defesa do fortalecimento do Mercosul, uma de suas pautas ao longo da trajetória no Congresso – além da defesa do consumidor, que notabilizou o advogado em programas de televisão.
O negociador da entrada da Bolívia no Mercosul foi candidato à Prefeitura de São Paulo em 2020 com apoio de Bolsonaro. Seu partido, o Republicanos, é do Centrão, apoiou o ex-presidente nas eleições do ano passado e agora pode entrar no governo Lula com o deputado Silvio Costa Filho (PE), que quer ser ministro do Esporte no lugar de Ana Moser.
Após se encontrar com Lula em Puerto Iguazú, Russomanno disse em conversa com a Coluna que agora é preciso trabalhar pelo povo com o governo eleito pelas urnas. “Não importa se votou no Lula no Bolsonaro”, afirma o deputado, destacando sua distância do radicalismo de bolsonaristas ligados intimamente ao ex-presidente.