O ministro Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, iniciou conversas com integrantes de partidos aliados para sondar os ânimos sobre a reforma ministerial. Favorito para assumir o comando da Câmara dos Deputados no mês que vem, o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-AL) foi recebido nesta terça-feira (21) segundo Renata Agostini, do O Globo, para um almoço no Palácio do Planalto. O tema principal da conversa foi a eleição no Congresso, mas o desejo do presidente de mexer na composição da Esplanada foi mencionado, segundo interlocutores do ministro.
O mesmo foi feito pelo chefe da articulação política em conversas com o prefeito do Recife, João Campos (PSB), e com o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), que está licenciado do cargo, mas mantém influência na bancada do partido na Câmara.
A ideia é ir medindo a temperatura dentro das legendas e ir mapeando aos poucos demandas. O movimento ocorre após o presidente Luiz Inácio Lula dar aval a Padilha na semana passada para uma aproximação com as siglas, especialmente do centrão.
As negociações de fato só irão ocorrer quando a cúpula dos partidos forem envolvidas, o que ainda não ocorreu. Apesar do encontro com o líder do Republicanos, o presidente da legenda, deputado Marcos Pereira, não foi chamado até o momento para tratar com Lula sobre o tema. Também não houve conversa do petista com os comandos do PSD, MDB ou União Brasil.
Lula disse em reunião ministerial nesta segunda-feira que espera conversar com os partidos aliados em breve para tratar da ocupação de espaços na Esplanada. O presidente afirmou que compreende não ser possível “100% de alinhamento” com o governo, mas que tem de entender como será o “futuro”, num recado sobre as alianças para 2026.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, havia indicado que o anúncio de mudanças na composição dos ministérios poderia ser feito até esta semana, o que não ocorreu. Ministros apostam agora que anúncios sobre ajustes no governo só serão feitos após a eleição do novo comando do Congresso. Além da confirmação dos nomes de Hugo Motta na Câmara e de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) no Senado, haverá a definição sobre os cargos da mesa diretora.
Isso ajudará o Planalto a medir melhor as negociações com cada legenda. O MDB disse publicamente que não almeja mais espaço, porém, não se oporia caso Lula desejasse, por exemplo, colocar o partido num posto como a articulação política, segundo integrantes do partido. Já a bancada do PSD na Câmara reivindica uma indicação e já fez chegar ao Planalto seu descontentamento.
Ministério da Saúde
Ocupando uma cadeira cobiçada pelos partidos de centro, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, entra na segunda metade do mês melhor do que começou, na avaliação de integrantes do governo. Figura frequente na bolsa de apostas da reforma ministerial, ela antecipou o fim de suas férias e, na última semana, dedicou-se a levar ao presidente uma “imersão” em prioridades da pasta para o ano. Nos dois dias em que foi convocada ao Palácio do Planalto, nenhuma palavra do petista sobre troca de comando no ministério, segundo presentes. Lula queria saber em detalhes sobre o programa Mais Acesso a Especialistas, que ele gostaria de transformar em uma marca de seu terceiro mandato. A reunião foi acompanhada por outros auxiliares palacianos, como o novo ministro Sidônio Palmeira, chefe da Secretaria de Comunicação.
Interlocutores de Nísia dizem que chegou à Saúde sinalização do Planalto de que ela não será alvo da reforma ministerial. A possibilidade de troca da ministra entrou no radar dos auxiliares de Lula após ele tecer críticas sobre o desempenho da pasta. Lula, no entanto, já havia indicado a aliados que não gostaria de incluir a Saúde nas negociações e, se fosse substituir Nísia, optaria por outro nome técnico.
A ministra está decidida, porém, a se movimentar para blindar sua posição. No ano passado, após o Congresso aumentar as críticas à sua gestão, ela incrementou os contatos com o parlamento. No total, foram 265 encontros com congressistas, de acordo com levantamento feito por sua equipe. Nísia passou também a circular um informe semanal a deputados e senadores com ações da pasta.
Para 2025, a ministra tem dado indicações de que pretende aumentar suas aparições, especialmente nas redes sociais, com vídeos e mensagens sobre medidas de sua pasta. A iniciativa está em consonância com a cobrança do presidente de aproximar os feitos do governo da população.