O governo prepara uma nova revisão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
A visão na equipe econômica é que efeitos de ações como a liberação dos saques do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) ainda podem levar a um aumento da taxa, estimada hoje em 0,85%.
Segundo o jornal Folha de SP, os novos parâmetros devem ser divulgados no começo de novembro. Aumento no crescimento do PIB ajuda a amenizar o rombo nas contas públicas por se traduzir em maior previsão de receitas, mas o impacto desta vez deve ser pequeno, já que a maior parte delas em 2019 já foi computada (a previsão maior, portanto, impulsionaria o fim do ano).
O mercado projeta há semanas um avanço de 0,87% em 2019, segundo o levantamento do boletim Focus (do Banco Central). Internamente, a equipe econômica estima um avanço ainda maior, de 0,90%.
Essa taxa coincide com estimativas de fora do governo, como é o caso dos cálculos do FMI (Fundo Monetário Internacional) e da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Já o Itaú Unibanco passou a considerar um crescimento superior nesta semana, de 1%.
Na equipe econômica, são considerados como importantes para os cálculos fatores ainda não totalmente absorvidos nos cálculos do mercado.
Estão na conta os saques do FGTS e maiores atividades no setor de óleo e gás. “Está melhorando. Provavelmente vai mexer para cima”, diz Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica.
Segundo técnicos do Ministério da Economia, os indicadores começam a dar sinais de avanço também em razão de perspectivas de maior equilíbrio fiscal. A secretaria considera que o ritmo de crescimento do PIB representa uma retomada ainda lenta.
No entanto, o órgão acredita que os números detalhados indicam o começo de uma mudança estrutural na economia, puxada pelo avanço do setor privado (com retração do gasto público).
Os sinais do novo cenário, segundo técnicos, já aparecem nos dados do segundo trimestre, quando o crescimento do PIB do setor privado cresceu 1,69% em relação ao mesmo período do ano anterior. Enquanto isso, o PIB do setor público encolheu 1,56%.
Os dados foram calculados pela SPE (Secretaria de Política Econômica) usando números de Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A análise conclui que a força-motriz do crescimento está mudando, com o setor privado em expansão mais robusta.
Vladimir Kuhl Teles, subsecretário de Política Macroeconômica, diz que a reforma da Previdência já teria sido um fator responsável por evolução no ambiente privado. “Se não tivesse ocorrido, certamente a economia no quaro trimestre seria muito pior do que o observado hoje”, afirma.
A reforma da Previdência tramita no Senado, e a expectativa é que o texto seja votado em segundo turno na próxima semana.
Os números apresentados mostram que o descolamento entre público e privado não é inédito –já foi observado em 2017. Mesmo assim, a atual diferença entre as taxas (de 3,25 pontos percentuais) é historicamente maior que a média de 0,66 ponto percentual observada desde 1997.
A SPE diz que o movimento é um sinal do “crowding in”, quando investimentos privados passam a substituir os investimentos públicos.
Isso, na visão da equipe econômica, ocorre não apenas porque o setor público está sob contenção, mas também porque as condições para o desenvolvimento do setor privado estariam se tornando mais favoráveis por um conjunto de fatores que incluem taxas de juros menores e inflação baixa.