As provas do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) serão adiadas em decorrência do estado de calamidade pública vivenciado pelos moradores do Rio Grande do Sul. A decisão foi anunciada na tarde desta sexta-feira (3), pela ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), Esther Dweck, e pelo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR), Paulo Pimenta, em declaração à imprensa. O certame seria neste domingo (5), em 228 municípios do País.
“A conclusão que tivemos hoje é que é impossível fazer a prova no Rio Grande do Sul. O nosso objetivo, desde o início, é garantir o acesso de todos. A solução mais segura para todos os candidatos de todo o País é o adiamento da prova”, declarou a ministra.
“Essa decisão busca garantir a integridade dos participantes, inclusive a sua integridade física nas regiões onde seria impossível o deslocamento, mas é uma integridade em todas as dimensões, preservando a vida das pessoas e também conferindo segurança jurídica ao exame que é algo essencial para todo mundo que está prestando o concurso”, completou.
Para o ministro Paulo Pimenta, a decisão, além de garantir isonomia a todos os candidatos, permite ao Governo Federal focar ainda mais os esforços na ajuda humanitária necessária ao Rio Grande do Sul. “O Governo Federal ouviu a população gaúcha e decidiu pelo adiamento da prova em todo País. O Brasil se solidariza com o Rio Grande do Sul neste momento de dificuldades e vai prestar toda ajuda necessária”, disse.
Situação de emergência
De acordo com boletim da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, divulgado na manhã desta sexta-feira, já são 31 mortes em decorrência das chuvas em todo o estado. Há ainda 74 pessoas desaparecidas e 56 feridos. Até o momento, 235 municípios foram afetados pelos temporais, totalizando 351.639 pessoas afetadas. Dessas, 17.087 estão desalojadas e 7.165, em abrigos.
Para a assistente social Bruna Corrêa, moradora de Pelotas, no sul do estado, a situação no Rio Grande do Sul é devastadora. “Tem muitos municípios que simplesmente foram destruídos pela água, as casas estão alagadas e muitas foram levadas, as estradas sofreram muito, pontes foram levadas, está realmente bem caótica a situação”, afirmou a assistente social que está inscrita para o CPNU e aguarda nova data para o certame.
O professor e cientista político, Rafael Lameira, vive em Porto Alegre e acompanha a situação de seus pais, que vivem em Santa Maria, uma das regiões afetadas pelas chuvas no estado. Inscrito no Concurso Nacional Unificado, Rafael acredita que o adiamento da prova foi uma medida necessária. “A situação é dramática, não existe outra palavra. Não haveria nenhuma condição de as pessoas fazerem qualquer tipo de prova, concurso ou atividade, mesmo que tivesse alguma condição material de fazer, psicologicamente está todo mundo afetado, abalado. Não existe ninguém que não tenha algum parente atingido”, reforça.
“Para quem contesta ou pode questionar a decisão de adiamento do concurso, é só ter um pouco de humanidade, empatia, solidariedade e imaginar o que a maior parte das pessoas estão enfrentando aqui no Rio Grande do Sul. Nós estamos falando de vidas, de pessoas que perderam tudo”, destacou Rafael Lameira.
Nova Data
De acordo com nota divulgada pelo MGI, a nova data para o certame será anunciada assim que houver condições climáticas e logísticas de aplicação da prova em todo o território nacional. “São 65 mil salas que a gente precisa garantir que estejam disponíveis, são mais de quatro mil locais de prova, onde estão essas 65 mil salas; tem 200 mil pessoas envolvidas. Então a gente precisa garantir que essas pessoas estarão disponíveis numa nova data, é por isso que essa decisão de uma nova data não pode ser tomada hoje”, concluiu Esther Dweck.
Conhecido como Enem dos Concursos por sua abrangência, o Concurso Unificado tem mais de 2,14 milhões de inscritos de todas as regiões do País. Eles vão concorrer a 6.640 vagas em 21 órgãos da Administração Pública Federal.