Rubens Ometto Silveira Mello, sócio-fundador da Cosan e um dos maiores empresários brasileiros, deixou de lado sua habitual discrição e fez duras críticas ao governo Lula da Silva (PT), ao Ministério da Fazenda, à Receita Federal, ao arcabouço fiscal e à proposta de restringir os créditos tributários do PIS/Cofins. As declarações foram feitas durante palestra neste sábado (8) no Fórum Esfera, realizado no Guarujá, em São Paulo. As informações são de Antonio Temóteo, da revista Exame.
Durante o evento, Ometto afirmou que não falaria do “copo meio cheio”, mas sim do que está errado no país. A primeira crítica do empresário foi dirigida ao arcabouço fiscal. Ele disse nunca ter acreditado na regra, já que a norma se baseia na ideia de permitir aumentar as despesas na medida que as receitas aumentam.
“É uma questão lógica. É claro que o governo trabalharia furiosamente para aumentar a receita e, assim, poder gastar mais. Esse arcabouço reflete, claramente, a visão de alguém que quer fazer o governo gastar e não reduzir a sua dívida pública. Isso é o que mantém os juros altos. É uma visão oposta a incentivar a inciativa privada, que seria um caminho muito mais barato e eficiente para o nosso país”, disse.
Além disso, Ometto afirmou que, para bancar as concessões feitas pelo governo na reforma tributária, a Receita e Procuradoria Geral da Fazenda Nacional estão “mordendo pelas bordas”.
“Eles estão mudando as normas e as regulamentações para arrecadar mais. Uma lei é publicada de um jeito e depois soltam normas para te morder e para te autuar. Isso aconteceu com as mudanças das regras do Carf, com a mudança do crédito presumido do IPI, com a mudança dos créditos do PIS/Cofins e com a desoneração da folha. Eles estão preocupados em morder e estão fazendo isso. E quando você faz isso você desrespeita a lei e cria um péssimo exemplo”, afirmou.
O empresário ainda se disse favorável aos programas sociais, como o Bolsa Família. Segundo ele, políticas como essas fazem bem ao país e aos menos favorecidos. Entretanto, afirmou que o governo não deve “pegar o dinheiro da iniciativa privada para administrar um Estado que nunca diminui de tamanho e só cresce”.
“Quando se fala do problema de juros altos, as pessoas falam dos problemas internacionais e dos juros nos Estados Unidos. Realmente atrapalham. Mas tem uma questão importante, que pouca gente fala, que é a insegurança jurídica, que encare o dinheiro no Brasil. O custo de todas essas incertezas está na taxa de juros. Se o governo organizasse tudo isso e controlasse a questão fiscal, os juros cairiam pelos motivos certos e esse país voltaria a crescer e se desenvolver, como vimos no governo Lula 1. Mas do jeito que está, com o governo metendo a mão, querendo taxar tudo e com juros desse jeito, não dá”, afirmou Ometto.