O governo do Amazonas anunciou, nesta última sexta-feira (15) a criação de um canal para concentrar as doações de oxigênio para hospitais de Manaus, que ficaram sem estoque na véspera, resultando em mortes de pacientes por asfixia.
As autoridades locais haviam alertado o governo federal sobre o risco de terminar o gás cinco dias antes, pois a demanda atual supera a produção. Segundo o Ministério Púplico Federal (MPF), a empresa White Martins, principal fornecedora de oxigênio para o Amazonas, se comprometeu a viabilizar o fornecimento do produto por meio de carretas vindas da Venezuela.
“Empresas e pessoas físicas, de Manaus ou de outros estados do Brasil, interessadas em doar oxigênio para o Estado, podem obter informações junto aos seguintes contatos: (92) 99220-2712, (92) 99455-2001, (92) 99182-8974. A partir de então, servidores da Casa Civil irão atuar na articulação de recebimento e entrega desses donativos para os hospitais da rede pública estadual”, informa a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) em um comunicado.
Segundo com o governo amazonense, o objetivo do Comitê de Resposta Rápida de Enfrentamento da Covid-19, em parceria com a prefeitura e o governo federal, é “agilizar a logística” do abastecimento.
Doações de outros materiais, como medicamentos, insumos descartáveis e EPIs, podem ser organizadas por meio do telefone (92) 98233-4555 ou diretamente na Central de Medicamentos do Amazonas (Cema), localizada na avenida Duque de Caxias, 1.998, bairro Praça 14.
O agendamento prévio pode ser feito diariamente, das 7h às 23h, através dos contatos: (92) 98404-1860, (92) 98126-5746, (92) 9213-5586 ou pelo e-mail gerencialogisticacema@saude.am.gov.br.
O cenário na capital amazonense nesta quinta-feira foi “desesperador”, como descreveu no Instagram um médico que atuou no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV). Moradores também usaram suas redes sociais para mostrar o caos, a exemplo do jornalista Waldick Junior, que postou um vídeo em que seu colega de trabalho, um cinegrafista, ajuda uma mulher a carregar um cilindro de oxigênio para o interior do hospital. A filha dela comentou embaixo da postagem que o avô acabou não resistindo.
O procurador da República Igor Spindola, em entrevista à rádio “Gaúcha”, afirmou que “nunca passou por algo tão assustador em toda sua vda”, tanto “pessoal” quanto “funcional”.
“Ver as pessoas sufocando é sufocante, figurativamente, também. Acho que todo mundo viu o quanto é violento e nenhuma pessoa minimamente empática consegue passar por isso sem o mínimo de trauma. É isso”, disse ele, conforme mostra a jornalista Kelly Matos em um post no Twitter.
Até esta quinta-feira, foram contabilizados 223.360 casos confirmados da Covid-19 no Amazonas, e 5.930 mortes pela doença.
A falta de cilindros de oxigênio não afeta apenas pacientes com Covid-19. Por exemplo, 61 recém-nascidos internados em Manaus também são impactados por esta situação. Conforme a demanda pelo gás cresceu, em razão da pandemia, outros pacientes que também dependeriam de respiradores sofrem.
Quanto aos bebês prematuros, o Ministério da Saúde informou nesta sexta-feira ter conseguido insumo para mantê-los na capital amazonense por mais 48 horas.
Em nota, a pasta informa ter combinado com estados e municípios a disponibilidade inicial de 56 leitos de UTI que poderão recebê-los, sendo 25 em Curitiba (PR), 11 em Vitória (ES), 9 em Imperatriz (MA), 4 em Salvador (BA), 3 Feira de Santana (BA), 1 em Ariquemes (RO) e 3 no município de Macapá (AM).
“O Governo Federal irá prestar apoio em todo o processo logístico de remoção, junto às Secretarias de Saúde Estaduais e Municipais, para que, caso ocorra a transferência, ela seja feita de forma segura e rápida, da forma mais cuidadosa possível, avaliando a necessidade e gravidade de cada recém-nascido”, afirma.