domingo 22 de dezembro de 2024
Foto: Reprodução/PR
Home / DESTAQUE / Governo deve criar ministérios para agradar partidos e aprovar Previdência
sábado 4 de maio de 2019 às 18:41h

Governo deve criar ministérios para agradar partidos e aprovar Previdência

DESTAQUE, POLÍTICA


O governo federal corre contra o tempo para acelerar os debates de implementação de reforma ministerial, na tentativa de ampliar a articulação com o Congresso. A pedido do presidente Jair Bolsonaro (PSL), a Casa Civil intensificou pesquisas sobre como desmembrar pastas atualmente sobrecarregadas, a exemplo da Secretaria de Governo, e dos ministérios da Justiça e Segurança Pública, da Economia, e do Desenvolvimento Regional. Nos corredores do Palácio do Planalto, comenta-se sobre a recriação dos ministérios das Cidades, da Integração Nacional e da Segurança Pública — este último instituído pelo então presidente Michel Temer.

Oficialmente, o discurso do governo é retirar a sobrecarga de algumas pastas para otimizar o encaminhamento de políticas públicas e fortalecer a administração federal. Extraoficialmente, segundo o jornal Correio Brazieliense, publicou entretanto, que o Planalto está preparando o terreno para ampliar o número de ministérios e acomodar partidos que acenarem com fidelidade às agendas do Executivo.

A aceleração dos estudos feitos pela Casa Civil é uma resposta aos partidos do Centrão para evitar uma ampla desidratação da reforma da Previdência. A estratégia, no entanto, recai sobre toda a articulação. O governo não consegue construir apoio para votar outras matérias e percebeu a má vontade das legendas em relação à Medida Provisória 870/2019, que criou a nova estrutura administrativa do governo, reduzindo para 22 o número de ministérios.

O texto foi o primeiro editado por Bolsonaro e, dois meses após o início do ano legislativo, sequer há relatório pronto. E falta pouco tempo para a MP caducar, ou seja, perder efeito. A matéria, que conta com 541 emendas, vence em 3 de junho. A insistência dos parlamentares em retardar os diálogos esteve justamente centrada em uma pressão para forçar o governo a discutir uma reforma ministerial. O relator da medida, senador Fernando Bezerra (MDB-PE), líder do governo na Casa, apresentará o relatório na terça-feira.

A MP, reconheceu Bezerra, deve ser alterada pelo Congresso. As mudanças na Esplanada dos Ministérios, feitas pelo texto, foram discutidas com entidades e especialistas em cinco audiências públicas. O senador não adiantou, entretanto, como será o parecer. Se acatar pressões feitas pelos parlamentares, o relatório deve facilitar os estudos da Casa Civil. Uma das emendas apresentadas pela bancada da bala pede o desmembramento do Ministério da Justiça e da Segurança Pública.

O desmembramento do Ministério do Desenvolvimento Regional, formado pelas pastas da Integração Nacional e das Cidades, é outra cobrança forte do Centrão. O das Cidades, por exemplo, lida diretamente com o programa Minha Casa, Minha Vida, que tem grande apelo da parte de políticos. Afinal, é uma ação positiva de se associar. Até o momento, a análise é de que as entregas de moradias e sinalizações de futuras unidades imobiliárias estão tímidas, o que tem irritado o Congresso. “Por isso, a ideia de analisar uma reforma ministerial. O Bezerra está tendo problema para a aprovação do relatório da MP. A reforma é uma forma de mudar a articulação e garantir mais tranquilidade na aprovação da previdenciária”, destacou um interlocutor do governo.<

Disputa

O Centrão monitora com lupa as eventuais mudanças na Esplanada. Com integrantes do DEM e do PSDB bem acomodados em postos de primeiro e segundo escalões, PP, PR e PRB almejam abocanhar o comando de alguma pasta ou incluir membros em secretarias estratégicas, com orçamento e poder de decisão. A ala do bloco político ligada à bancada da bala disputa com o PSL, partido de Bolsonaro. É o Ministério das Cidades, no entanto, que promete uma disputa mais acirrada.

Para que o governo consiga implementar as mudanças, no entanto, será necessário que o Congresso aprove um pedido de suplementação orçamentária feito pelo Planalto. O dinheiro seria despejado nos ministérios para garantir o interesse dos parlamentares na distribuição de cargos. Tudo isso precisa ser feito antes de a MP 870/2019 caducar. “A base do governo tem interesse em cargos. Tem muita gente que apoia o presidente, mas ainda quer encontrar cargos para negociar votos na Previdência”, ressaltou um técnico palaciano.

No Planalto, aventou-se apoiar a líder do governo, Joice Hasselmann (PSL-SP), como possível ministra — ideia refutada anteriormente pela parlamentar, que tem planos de concorrer à prefeitura de São Paulo em 2020. “Mas, para colocar gente como a Joice, teríamos de disponibilizar um ministério graúdo. A menos que se tire alguém, não teremos como oferecer isso agora. Os demais deputados e senadores querem barganhar os cargos para apoiar a Previdência, com eles é outra história”, emendou um assessor do Planalto.

Veja também

Interpol prende 58 pessoas em operação mundial contra fugitivos

Uma operação da INTERPOL, direcionada aos fugitivos mais perigosos da América Latina, Caribe e Europa, …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!