O governo de Portugal decidiu nesta última quinta-feira (24) freiar seu plano de reabertura e não avançar à próxima fase, prevista para a próxima semana, em um momento “crítico” da pandemia, que atinge principalmente Lisboa, onde restrições serão reforçadas.
“É um momento crítico de evolução da pandemia e nosso país”, disse a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, em entrevista à imprensa após reunião de ministros, na qual anunciou que Portugal não avançará à próxima fase do plano de desconfinamento.
Cem dias após iniciar a reabertura, com 30% dos residentes imunizados com duas doses, foi preciso dar um passo atrás diante do novo aumento de casos. Especialistas alertam para o que já pode ser uma quarta onda de casos e, recentemente, o uso de máscaras foi prorrogado até setembro.
A última fase, que se estenderia até agosto, permitiria que o transporte público funcionasse com capacidade total e recintos esportivos recebessem o público.
O aumento de casos, no entanto, frustrou os planos. Nesta quinta-feira, o país registrou 1.556 infecções, número mais alto desde fevereiro, e duas mortes.
A incidência gira em torno de 130 casos por 100.000 habitantes, enquanto o índice de transmissão RT está em 1,18, o que coloca Portugal na “zona vermelha”, segundo a escala do Executivo português.
A situação é especialmente preocupante na região de Lisboa, que acumula dois terços dos contágios detectados no país e onde a variante Delta, mais transmissível e identificada pela primeira vez na Índia, representa mais de 60% dos novos casos.
Para conter o avanço na região da capital, restaurantes e lojas só poderão ficar abertos até as 15h30 nos finais de semana, com exceção de supermercados, que podem ficar abertos até as 19h. O trabalho remoto continua sendo obrigatório para atividades não essenciais.
Além disso, já no próximo fim de semana, a área metropolitana de Lisboa volta a ter restrições à circulação, com a proibição de entrada e saída, entre 15h de sexta-feira e 06h de segunda-feira.
Para sair ou entrar na região, sob regras específicas, é preciso apresentar um teste com resultado negativo para Covid-19.
Segundo a ministra da Presidência, Portugal está em uma corrida contra o relógio entre o avanço da pandemia e a vacinação.
“É necessário manter a pandemia controlada para ter tempo de vacinar progressivamente a população, especialmente os mais vulneráveis”, disse. Ela estimou que deve demorar duas ou três semanas para completar a vacinação de pessoas com mais de 60 anos no país.
Atualmente, o país contam com cerca de 47% de sua população vacinada com a primeira dose, e cerca de 30% com as duas doses. No dia 4 de julho, o país abre a vacinação para a faixa etária entre 18 e 30 anos.
O objetivo é atingir a imunidade de grupo, de 70% da população vacinada, em 8 de agosto, embora essa meta possa estar comprometida pela falta de doses, segundo o coordenador da campanha de vacinação, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.
Gouveia de Melo não descartou a ampliação do horário de atendimento nos postos de vacinação para inocular até 140 mil doses por dia. Atualmente, com o ritmo médio é de mais de 100.000 vacinações diárias.