Ministra guineense da Mulher, Família e Solidariedade Social apelou às mulheres para acabarem com os atos de violência contra os homens, que considerou ser um retrocesso na luta pela igualdade do género.
Conceição Évora, ministra guineense da Mulher, Família e Solidariedade Social, falava numa cerimónia de homenagem pública à mulher guineense, cuja data é hoje assinalada através de uma tertúlia organizada pela Liga Guineense dos Direitos Humanos, no Bairro Militar, nos subúrbios de Bissau.
A tertúlia, “Roda da Mulher”, junta, durante grande parte do dia de hoje, dezenas de mulheres de diferentes organizações da sociedade civil e jovens do sexo feminino, para um debate sobre os problemas relacionados com a violência baseada no género.
O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Augusto Mário da Silva disse, no seu discurso, que o gesto “simboliza e homenageia a força, a coragem, a abnegação, a extraordinária capacidade de luta e resiliência da mulher guineense” na sua luta pela dignidade humana no país.
Augusto Mário justificou ainda a escolha do Bairro Militar para a realização da “Roda da Mulher” como forma de reconhecimento do papel das mulheres na mediação comunitária, no combate contra violência baseada no género e na promoção da paz.
Violência contra os homens
A ministra da Mulher, Família e Solidariedade Social saudou igualmente as combatentes da liberdade da pátria, destacou o papel da mulher nas conquistas alcançadas desde a independência do país, em 1973, mas exortou a que se ponha fim “à onda de violência perpetrada pela mulher nos últimos tempos”.
“É inaceitável verificar hoje situações em que a mulher agride o marido, o companheiro, ao ponto de cortar-lhe o seu órgão genital”, observou Conceição Évora.
Nos últimos tempos, têm surgido relatos nos órgãos de comunicação social de casos em que as mulheres cortam os genitais dos maridos após discussões ou cenas de ciúmes.
A ministra da Mulher e Família defendeu que “a violência não é apenas quando o homem agride a mulher” e referiu que a Guiné-Bissau “já deu passos importantes” no combate a fenómenos que coloquem em causa a dignidade da mulher, disse.
“Não é possível hoje verificar que estamos a andar para trás”, sublinhou a governante, realçando que várias mulheres se encontram detidas à espera de serem julgadas em casos relacionados com a violência contra os companheiros.