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Redwan Hussien Rameto (e), representante do gobierno etíope, e Getachew Reda, representante dos rebeldes do Tigré, cumprimentam-se em Pretória após o acordo de paz - AFP
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quinta-feira 3 de novembro de 2022 às 06:24h

Governo da Etiópia e rebeldes do Tigré fecham acordo de ‘fim das hostilidades’

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O governo da Etiópia e as autoridades rebeldes do Tigré fecharam um acordo de “fim das hostilidades” nesta última quarta-feira (2), dois anos após o início de um conflito que deixou meio milhão de mortos no norte daquele país africano.

“Concordamos em silenciar definitivamente as armas e encerrar os dois anos de conflito no norte da Etiópia”, informaram o governo e a Frente Popular de Libertação do Tigré (TPLF) em declaração conjunta, após negociações na África do Sul.

O cessar-fogo foi anunciado pelo mediador da União Africana (UA), o ex-presidente nigeriano Olusegun Obasanjo: “As duas partes no conflito etíope concordaram formalmente com o fim das hostilidades, bem como com um desarmamento sistemático, ordenado, sereno e coordenado”, declarou em Pretória o alto representante da União Africana para a área do Chifre da África.

Ambas as delegações estavam reunidas sob a mediação da UA desde 25 de outubro na cidade sul-africana. “Hoje é o começo de um novo amanhecer para a Etiópia, para o Chifre da África e, de fato, para todo o continente”, declarou Obasanjo.

O pacto selado pelos chefes das duas delegações prevê, entre outras coisas, que seja restabelecida “a ordem pública, os serviços no Tigré, o acesso irrestrito à ajuda humanitária e a proteção dos civis”, ressaltou o mediador, destacando que o anúncio não significa “o fim do processo de paz, e sim o seu início”.

Ainda não foram informados os detalhes de como a implementação do acordo será controlada em campo, nem foram mencionados os apelos da comunidade internacional e dos rebeldes para que o exército da Eritreia – país vizinho e que apoia as forças do governo – retire suas forças do Tigré.

Trata-se de “uma primeira etapa muito bem-vinda”, disse o porta-voz do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres. O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, comprometeu-se a implementar o acordo, e seu assessor para a segurança nacional, Redwan Hussein, que liderou a delegação da Etiópia, elogiou “o compromisso construtivo” dos beligerantes “para encerrar esse episódio trágico”.

O acordo mostra “a vontade de ambas as partes de deixar o passado para trás”, considerou o líder da delegação rebelde, Getachew Reda. “A fim de responder ao sofrimento do nosso povo, fizemos concessões, porque devemos fomentar a confiança.”

As negociações não encerraram os combates no Tigré, onde tropas federais avançam com o apoio do Exército eritreu e de forças e milícias das regiões vizinhas de Amhara e Afar.

O conflito eclodiu em novembro de 2020, quando o primeiro-ministro enviou tropas ao Tigré, após acusar as autoridades locais da Frente Popular de Libertação do Tigré (TPLF) de atacarem campos do Exército. Após uma trégua de cinco meses, os combates recomeçaram em 24 de agosto, e as forças etíopes anunciaram recentemente que haviam conquistado várias cidades daquela região, de 6 milhões de habitantes.

A retomada dos combates dificulta a chegada de ajuda humanitária, alertou a comunidade internacional, o que mergulhou a região em uma crise humanitária grave. O balanço oficial do conflito é desconhecido.

A imprensa não tem acesso ao norte da Etiópia e a comunicação funciona de forma aleatória, tornando impossível a verificação independente das informações.

Segundo a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, “até meio milhão de pessoas” morreram em dois anos. Além disso, mais de 2 milhões de pessoas foram deslocadas pelas hostilidades e centenas de milhares de pessoas estão à beira da fome.

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