O “Porto da Ford” deve ser alvo de uma guerra judicial entre o governo do estado e a montadora que deixou o Brasil essa semana. Conforme o jornal Correio, o porto pertence na verdade ao estado, porém foi concedido à montadora norte-americana, em regime de comodato, por um século. Nenhum dos dois lados quer falar abertamente sobre o assunto por enquanto, mas o terminal, que era usado pela Ford para escoar a produção, além de receber peças e veículos do mercado externo, é visto como um fundamental para a atração de uma nova montadora de automóveis.
A ideia do governo é oferece-lo como parte de um complexo integrado com a fábrica, algo que foi inclusive verbalizado pelo governador Rui Costa: “É uma belíssima estrutura, já que temos a maior planta industrial automotiva da América do Sul, estrutura portuária, o parque tecnológico do Senai Cimatec Industrial, inclusive com campo de prova. É tudo isso que vamos apresentar”, disse, em relação às conversas com possíveis interessados. O problema é que o governo tentou oferecer espaço no porto para a JAC Motors no passado (lembra dela?), mas a Ford bateu o pé e vetou”, disse o governador.
Diante da inesperada decisão da Ford de deixar de produzir no país, a busca de informações sobre as condições do contrato sobre o terminal portuário se tornou uma das prioridades. A ideia é saber se o comodato está condicionado à operação da fábrica em Camaçari. Quem está a par do assunto diz que, no mínimo, uma boa disputa judicial essa situação deverá render. Outra preocupação está relacionada com os incentivos. Só nós últimos três anos, o estado calcula ter repassado para a empresa quase R$ 1 bilhão. Menos mal, neste caso, que a Ford anunciou uma provisão para este tipo de despesas quando avisou que está deixando de produzir no país.