A Argentina vai continuar em quarentena até 11 de outubro devido à covid-19, totalizando 205 dias desde o seu início, o que a torna na mais prolongada do mundo, segundo anunciado nesta última sexta-feira (18). “A partir do diálogo constante com os especialistas e com os governadores de todo o país, decidimos manter as medidas de cuidado até domingo, 11 de outubro”, refere o anúncio oficial emitido por vídeo através das redes sociais.
Pela primeira vez, o Presidente do país, Alberto Fernández, não apareceu para anunciar o prolongamento do isolamento social pela 12.ª vez (começou em 20 de março), apesar da expectativa gerada pelo anúncio, numa situação que pode ser entendida com o cansaço que a situação origina.
O anúncio também evitou usar o termo quarentena, substituindo-o por “medidas de cuidado”, além de que, para evitar um eventual desgaste político, foi deixado para os governadores de cada província o anúncio das medidas de endurecimento.
“As autoridades locais serão as que determinarão as novas indicações para cada território. O Governo nacional recomenda incrementar as restrições para diminuir a circulação das pessoas”, indica o anúncio oficial.
Enquanto os países vizinhos experimentam uma estabilidade de casos ou mesmo uma diminuição do número de contágios, a Argentina observa um aumento, o que faz do país o décimo com mais infecções acumuladas, apesar de ser um dos que menos testes faz.
A onda de contágios na Argentina avança pelo interior do país, onde o sistema de saúde é mais frágil.
“Em maio, o interior representava apenas 7% dos contágios enquanto a área metropolitana de Buenos Aires respondia por 93%. Agora, o interior representa 49,2%, quase a mesma percentagem de Buenos Aires com 50,8%. Na área metropolitana de Buenos Aires, a curva de contágios é alta, mas estável”, exemplifica o anúncio oficial, apontando uma ocupação de 67,3% das unidades de cuidados intensivos.
Nas últimas semanas, o chefe de Estado passou a negar que exista uma quarentena. “Os jornais podem publicar que estamos em quarentena, mas é mentira. É falso”, insiste Alberto Fernández.
A Argentina não permite aulas presenciais e o uso dos transportes públicos para quem não for funcionário de um trabalho considerado essencial. A circulação de pessoas e de veículos necessita de permissão especial, não são autorizadas deslocações de pessoas entre municípios e províncias, sendo que os voos domésticos e internacionais não se realizam, nem estão autorizadas reuniões de amigos e familiares que não convivam, sendo proibida a permanência de crianças nas ruas das áreas mais povoadas do país.
A cidade de Buenos Aires, governada pela oposição, tem entrado em conflito com o Governo nacional quanto à postura de flexibilizar as restrições.
O governador do Distrito Federal, Horacio Larreta, anunciou novas aberturas: bares e restaurantes que já podiam ter mesas nas ruas, agora vão poder somar pátios internos e terraços, as os espaços internos vão continuar fechados.
Ainda neste distrito, as construções de obras com mais de 5.000 metros quadrados e aquelas que estiverem a menos de 90 dias da sua finalização poderão ser retomadas.
“Há 10 semanas, o número diário de contágios na cidade está estabilizado em mil casos. É uma estabilidade num nível alto, mas é um alento porque temos conseguido somar atividades e manter o nível de contágio estável”, declarou Larreta.
Com 45 milhões de habitantes, o número de infectados no país pelo novo coronavírus soma 601.713 e os mortos são agora de 12.491.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 946.727 mortos e mais de 30,2 milhões de casos de infecção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.