Deputados federais do PT consideraram acertada segundo a coluna Painel, a decisão do governo Lula (PT) de revogar medida da Receita Federal que ampliava o monitoramento das transações de pessoas físicas via Pix que somassem ao menos R$ 5.000 por mês, após a norma virar alvo de uma onda de desinformação.
Eles avaliaram, porém, que o episódio serve como uma lição para que a gestão comunique melhor as medidas antes de colocá-las em prática.
“Foi um anúncio mal feito de uma medida decidida em outubro por burocratas da Receita para ser adotada agora e que criou uma confusão generalizada, que foi explorada pela extrema direita”, diz o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).
Para ele, a medida criou confusão entre trabalhadores que usam muito o instrumento financeiro e que acharam que teriam que pagar imposto por causa de fake news espalhadas nas redes sociais. “E isso criou um apavoramento. Então o governo tem que recuar mesmo, fez certo, e tem que explicar paulatinamente as medidas que vai tomando, discutindo e expondo mais claramente o que vai ser.”
A visão é compartilhada pela deputada Dandara (PT-MG), que avalia que o governo precisa calibrar a comunicação para que tome a dianteira da discussão das medidas antes de elas serem colocadas em prática.
“Não podemos ficar sendo pautados por desinformação. Essa disputa na comunicação é muito importante para que a gente não faça coisas boas que no fim saem como coisas ruins”, afirma Dandara.
Outros parlamentares, que preferiram falar sob reserva, avaliaram que a forma como o recuo ocorreu foi ruim. Eles defendiam que, em vez de um anúncio feito pelo secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, e pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda), quem deveria ter feito um discurso duro sobre o tema era o próprio presidente Lula (PT).
Na leitura deles, a norma seria derrubada pelo Congresso na volta dos trabalhos legislativos, em fevereiro. Então o recuo era a única forma de evitar essa derrota política.