A nova lei acaba com o Reedy Creek Improvement District, criado em 1967, que cobre quase 64 quilômetros quadrados dos condados de Orange e Osceola, abrangendo os parques temáticos e resorts da Disney. O distrito dava grande autonomia e isenção fiscal à empresa.
O governador da Flórida, Ron DeSantis, promulgou um projeto de lei nesta sexta-feira (22/4) que dissolve o distrito autônomo da Disney em Orlando, como punição por a empresa ter se oposto à chamada lei “Não diga gay”, que proíbe professores do ensino fundamental do estado de abordarem questões de gênero e dá aos pais o poder de processar escolas por supostas violações.
Em uma entrevista coletiva em Hialeah, DeSantis disse que sua assinatura era uma “provocação”. Reforçando que se tratava de um ato puramente ideológico, ele declarou: “Não me sinto confortável com esse tipo de agenda recebendo tratamento especial no meu estado. Eu simplesmente não aceito. Então a lei aqui define o placar.”
Anteriormente, o político de extrema direita chegou a acusar a Disney de “tentar impor uma ideologia progressista [woke] em nosso estado”.
“Vemos isso como uma ameaça significativa”, disse DeSantis ao programa “Fox & Friends”, da Fox News, no início deste mês. “Este progressismo destruirá este país se o deixarmos continuar ininterruptamente”.
A Disney ainda não se pronunciou publicamente sobre a abolição de seu distrito, que só deve entrar em vigor em 1º de junho de 2023. Mas espera-se que o conglomerado entre com ações legais contra o governo estadual da Flórida.
A disputa deve se estender para além da próxima eleição, na qual a Disney deverá apoiar o candidato de oposição, jogando contra DeSantis a ameaça de deixar o estado.
A conta é muito alta. Caso perca a disputa, a Disney ficará em dívida com os condados de Orange e Osceola num valor que pode passar de US$ 1 bilhão, referente a manutenção de estradas e sistemas de esgoto até seus parques, e pelo fornecimento de outros serviços públicos, como água e luz. Além disso, só Orange County estima faturar US$ 163 milhões por ano em impostos da Disney.
Por outro lado, sem a Disney, a economia do estado da Flórida pode sofrer um abalo significativo.
Pode ser mais barato para a empresa mudar seus parques para outro estado. Não deverão faltar ofertas de incentivos para isso, de olho nos milhões de turistas que o Disney World atrai, para a movimentar a economia de um novo local.