Enquanto enfrenta dificuldades para avançar em temas-chave, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, deixou segundo reportagem de Julia Noia, do O Globo, de investir em pautas que defendeu ao assumir o posto, como proteção de grupos marginalizados e crianças e adolescentes. A pasta tem o quarto menor orçamento da Esplanada e, mesmo assim, liberou apenas 56% dos R$ 442 milhões reservados para gasto em 2023, segundo dados do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop). A limitação de recursos, a baixa execução orçamentária e os entraves na articulação política são apontados como desafios por especialistas.
Filósofo e professor com vasta experiência acadêmica, Almeida foi convidado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o intuito de levar mais pluralidade à Esplanada e com a promessa de reconstrução das políticas de combate à violência e à tortura. Porém, ele fechou o ano com poucas entregas em pautas centrais, como a recriação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, encerrada no governo Bolsonaro. O ministro já defendeu a retomada do grupo, mas a resistência nas Forças Armadas teria deixado a medida em banho-maria.
Em outra frente, o Planalto ignorou pareceres do ministério. Um deles defendia a inclusão de “locais de natureza religiosa” no rol de estabelecimentos obrigados a seguir o protocolo do “Não é Não”, de proteção a vítimas de violência doméstica. Em outubro, a pasta defendeu o veto integral ao texto do marco temporal para a demarcação de terras indígenas, sancionado parcialmente pelo Planalto. A Lei Orgânica das Polícias Militares também foi alvo de divisão. Os Direitos Humanos criticaram pontos do texto, mas Lula seguiu parecer da pasta da Justiça.